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PEZINHO NA ESTRADA
Chupeta ou mamadeira evita que os pequenos tenham dor de ouvido durante viagens de avião
Bebê paga 10% do bilhete, mas voa no colo
DA REPORTAGEM LOCAL
"O bebê já é a própria bagagem", respondeu uma funcionária do check in do Aeroporto Internacional de Guarulhos quando
a reportagem perguntou se bebê
tinha direito a levar bagagem no
avião. Ela se referia ao fato de a
criança de até dois anos incompletos não ter assento próprio,
sendo obrigada a viajar no colo,
apesar de sua passagem normalmente custar o equivalente a 10%
do valor pago pelo adulto acompanhante (em caso de bilhete adquirido com milhagem, o valor é
calculado sobre a tarifa cheia).
O bilhete para essa faixa etária
sai de graça apenas nos vôos da
Gol e na ponte aérea Rio-São Paulo da Vasp no universo das 22
companhias pesquisadas pela Folha (veja quadro nesta pág.). Algumas empresas estrangeiras
também não cobram passagem
de bebês em rotas realizadas dentro do seu país.
Se os pais quiserem garantir assento para seus pequenos de menos de dois anos, devem pagar a
mesma tarifa concedida a crianças de até 12 anos incompletos,
cujo preço, em relação ao bilhete
do adulto, varia entre 50% e 80%.
Ou contar com a sorte e torcer para que o avião esteja vazio e a
criança possa usar uma poltrona
vaga, como aconteceu com Rafaela Osso Pascotto, 3, na volta de
Nova York, há dois anos. Ela dormiu deitada numa fileira de poltronas vazias entre o encosto e a
mãe, Renata, que a protegeu com
o próprio corpo.
O mais seguro, porém, é a criança se acomodar no bebê-conforto,
a mesma cadeirinha utilizada nos
carros, desde que o apetrecho tenha um selo de aprovação, segundo recomendação da ONG Criança Segura. "O colo não é confortável para a criança nem para o
adulto", diz Camila Aloi, coordenadora da ONG em São Paulo.
A maioria das companhias disponibilizam moisés (muitos deles
com cintos ou proteção especial),
que são encaixados na aeronave
em locais específicos para esse
fim, embora normalmente haja
uma quantidade limitada deles
por vôo. Esses moisés têm capacidade para abrigar bebês de no
máximo seis meses, e, mesmo
nesse caso, a criança é obrigada a
ficar no colo de um adulto em
procedimentos de decolagem e de
aterrissagem (as únicas empresas
pesquisadas pela Folha que não
oferecem "berços" são a Copa, a
TAM e a Gol.)
Independentemente da opção
dos pais, eles não podem se esquecer da documentação da
criança (RG ou certidão de nascimento) para apresentar no check
in, ou ela pode não embarcar.
Dor de ouvido
O bebê pode até se tornar, aos
olhos dos outros passageiros, a
mala a que se referia brincando a
funcionária do início deste texto
se sentir muita dor de ouvido,
causada pela despressurização da
cabine. Para evitar o transtorno, a
saída é provocar movimentos de
sucção na criança, oferecendo
peito, mamadeira ou chupeta.
"Até atrasei um pouco a mamada da Giovana para lhe oferecer o
peito no momento da decolagem.
Foi ótimo, ela não sentiu dor nenhuma", comenta Abadia Pereira
Boaretto, que viajou com a filha
de cinco meses de Brasília para a
Costa do Sauípe em julho.
A coisa complica um pouco
quando a criança já não usa chupeta nem mamadeira, como era o
caso de Rafaela, que foi a Nova
York. "Ela berrou durante duas
horas e meia seguidas", lembra a
mãe. "Era muito difícil acalmá-la,
pois o avião inteiro vinha dar palpite para tentar ajudar, o que acabava a irritando ainda mais."
Para quem já não usa mamadeira nem chupeta, a pediatra Eloisa
Corrêa de Souza, do Hospital
Universitário da USP, recomenda
que a criança tome um suco ou
um chá. "O importante é que a
criança faça movimentos de deglutição." A dor pode ainda ser
aliviada com uma massagem no
canal de fora do ouvido da criança, como sugere a pediatra Renata
Waksman, do hospital Albert
Einstein. Se a criança for maior,
bala ou chiclete pode ajudar.
Também o ar ressecado do
avião pode incomodar os pequenos, o que pode ser evitado com
soluções fisiológicas, segundo as
médicas, que recomendam ainda
a ingestão de muita água.
Para evitar que seus quatro filhos incomodem os outros passageiros a bordo, a brasileira Raquel
Ajami, que mora na Bélgica e vem
sempre ao Brasil, prefere se acomodar no fundo do avião, embora normalmente as companhias
aéreas ofereçam as primeiras poltronas, com mais espaço na frente, para quem tem crianças.
Raquel evita viajar de dia para
que as crianças durmam, mas
costuma garantir o entretenimento dos pimpolhos, cujas idades
são um, quatro, sete e nove anos,
levando revistas para colorir,
massinha e brinquedos para o
avião. Esse tipo de passatempo às
vezes é oferecido pela própria
companhia aérea (veja quadro).
Raquel só vê dificuldades para
entreter os pequenos no aeroporto, onde às vezes precisa ficar
muito tempo. "Os aeroportos deveriam ter salas para famílias."
Espaço assim existe para os hóspedes da Costa do Sauípe no Aeroporto Internacional Luis
Eduardo Magalhães, em Salvador. A sala, equipada com trocador, brinquedos e internet, pode
ser usada por quem está chegando ou partindo. Já no exterior, a
Lufthansa e a Swiss têm espaços
com características semelhantes
respectivamente nos aeroportos
de Frankfurt e de Zurique.
(MARISTELA DO VALLE)
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