São Paulo, quinta-feira, 27 de março de 2008

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O PAÍS E O POETA

Baalbeck e Biblos contam histórias

Enquanto arredores de uma cidade guarda templos grandiosos, a outra é o berço da escrita alfabética

DO ENVIADO ESPECIAL AO LÍBANO

Classificada como patrimônio mundial da humanidade, Baalbeck revela uma influência local semítica aliada à européia.
A tríade de Júpiter, Vênus e Mercúrio foi estabelecida sobre uma antiga tríade local formada pelo deus das tempestades, pela deusa-mãe e pelo deus da vegetação e do rebanho.
El era o deus máximo do panteão fenício; representava o deus-sol e, com freqüência, aparecia sob a forma de um touro. Seu filho se chamava Baal (Adonis, em Biblos), o deus das tempestades e das montanhas. Apesar da importância de El, Baal era o deus mais adorado entre os fenícios.
Acreditava-se que, quando a neve das montanhas libanesas se derretia e purificava a água dos rios, era Baal que renascia para dar lugar a grandes festividades entre os fenícios.
Ao leste do Líbano, a 85 km a nordeste de Beirute, Baalbeck é o centro administrativo e econômico do norte do vale do Beqaa. Duas cordilheiras de montanhas paralelas atravessam o país, e o vale do Beqaa localiza-se entre essas cordilheiras.
O monte Líbano, a cordilheira mais ocidental, atinge 3.083 metros e dirige-se para o sul. Antigamente repleta de cedros, hoje é coberta por uma vegetação mediterrânea. O Anti-Líbano, que lhe faz face, culmina em 2.814 metros. Oferece uma paisagem mais mineral
No decorrer do período helênico (333-64 a.C.), a cidade foi chamada de Heliópolis, a cidade do sol. Em 16 a.C., tornou-se uma colônia romana. No fim do século 4º, Teodósio pôs fim aos cultos não-cristãos e destruiu seus símbolos mais sagrados.
A apenas 300 metros do centro de Baalbeck, erguem-se alguns dos templos mais grandiosos. Há três monumentos principais: o templo de Júpiter, o templo de Baco e o templo circular de Vênus. Seis colunas de 22 metros de altura impressionam e recordam a existência do peristilo do Templo de Júpiter Heliopolitano.
O templo de Baco caracteriza-se pelo excelente estado de preservação e era dedicado ao culto de um jovem deus de Baalbeck. Utilizavam-se vinho e ópio para que os fiéis entrassem em êxtase. As representações de vinhas e papoulas resultaram na associação a Baco.
Em Baalbeck, estão três dos maiores e mais pesados monumentos de pedras do mundo, chamados de Trilithon. Cada um pesa 1.200 toneladas e mede 25 m de comprimento, 8 m de largura e 5 m de altura.
Assírios, persas, gregos e romanos construíram seus principais templos sobre a plataforma. Teorias não faltam para explicar como estes gigantescos monólitos foram posicionados.

Biblos
Em Biblos, os fenícios inventaram a escritura alfabética ao substituir a imagem pelo som, em um importante exercício de abstração humana.
Um extenso sítio arqueológico próximo ao "suq" (mercado) atesta presenças e vestígios de fenícios, hicsos, egípcios, gregos, romanos, árabes e cruzados em templos como o de Baalat Gebal e Resheph, túmulos, teatros romanos e cidadela.
Biblos é uma das cidades continuamente habitadas mais antigas do mundo; escavações arqueológicas situaram sua origem no quinto milênio a.C.
Chamada de Gebal na Bíblia (e de Jbeil pelos árabes), recebeu o nome Biblos em referência ao papiro (do grego "bublos") comercializado na região. Um grupo de papiros era denominado "biblio" (livro) e de seu plural ("ta biblia", os livros) vem a palavra Bíblia.
Localizada a 37 km ao norte de Beirute, a cidade possui arquitetura típica libanesa (casa baixa e teto plano), um porto antigo bastante preservado e excelentes restaurantes à beira-mar. (PDF)


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