São Paulo, quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

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Mesquitas e mercados fazem do Cairo medieval quase outra cidade

DA ENVIADA ESPECIAL

Por um ou dois dias esqueça o Egito faraônico e mergulhe no Cairo medieval das mesquitas e souks (mercados). É quase que uma outra cidade.
O bazar Khan al Khalili, labirinto lotado de turistas, do século 14, é o centro nervoso desse local. Tem centenas de lojas que vendem uma infinidade de suvenires, artesanato, roupas típicas, papiros e artigos de prata e ouro. A regra é barganhar.
As caixas machetadas são baratas e bonitas. Há ainda uma variedade de lenços e pashiminas: se não comprar, há chance de se arrepender depois.
Quando cansar de perambular, faça uma parada para um chá ou café no Café Fishawi, que funciona dia e noite há 200 anos, com exceção do período do Ramadã. Próximo ao Khan al Khalili, está a mesquita de Al-Azhar, do ano 970, aberta à visitação. No local, há uma madrassa (escola para ensino do Corão), que é um dos mais antigos centros de ensino do mundo e um dos mais prestigiados locais de estudo sunitas.
Nas imediações, está o complexo do sultão Al-Ghouri, com mesquita, wikala (hospedaria medieval) e o mausoléu, que vale uma visita, e a mesquita de Hussein, onde se diz que está enterrada a cabeça de Hussein, neto do profeta Maomé, local sagrado dos muçulmanos.
Para evitar ser barrado, é bom usar calça comprida e blusas que cubram os ombros. As mulheres devem levar também um lenço para cobrir a cabeça.
Ao norte do Khan al Khalili, a rua Al-Muizz, que já foi a principal via do Cairo medieval, foi recentemente restaurada.
A rua reúne um impressionante conjunto de minaretes, palácios e mesquitas muito antigas, como a de Al-Hakim, edificada no ano 1013, e a de Al-Alqmar, cuja fachada de pedra é a mais antiga do Cairo. No meio da rua, há uma pequena torre, símbolo da arquitetura islâmica, onde antes havia uma fonte de água no térreo e um local de estudo em cima -fornecia água e saber, duas recomendações feitas pelo profeta Maomé.
Com a restauração, os monumentos da rua Al-Muizz ganharam iluminação. A via termina em um dos portões da cidade, construído em 1087, que integra a muralha que circundava o Cairo na Idade Média. A estrutura, que também passou por recente restauração, usou pedras retiradas de antigas construções de Mênfis.
A cidadela de Saladino, fortaleza do século 12 que defendeu a cidade dos cruzados, é um dos principais monumentos do período medieval. Por 700 anos, abrigou os governantes. Hoje, reúne mesquitas, museus e terraços, de onde é possível ver boa parte da cidade.
A mesquita de alabastro de Mohammed Ali, general otomano que tomou o poder para si no Egito, apesar de edificada já no século 19, é o ponto alto da cidadela. No pátio externo, está o relógio presenteado pelo rei francês Luís Felipe, em retribuição ao obelisco dado à França por Ali. Os guias turísticos adoram contar que o mecanismo chegou quebrado ao Egito -e nunca funcionou.
Ao sul da cidadela, está a mesquita de Amr bin Al-As, a mais antiga do Cairo, fundada em 642 pelo general que conquistou o Egito para o Islã. Ao lado, o souk (mercado) al-Fustat tem lojas de artesanato e cafés mais caros que o Khan al Khalili. A mesquita de Al-As foi construída ao lado do assentamento que existia, onde hoje fica o bairro dos cristãos coptas.
Foi numa gruta no bairro copta que a família de Jesus supostamente morou quando fugiu para o Egito. Na Antiguidade, foi ali edificada uma igreja, que pode ser visitada.


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