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METADE DO MUNDO
Dolarização prejudica venda de artesanato produzido por indígenas, como panos para carregar bebês
Silêncio reina em mercado entre vulcões
DO ENVIADO ESPECIAL AO EQUADOR
Na feira de Otavalos, entre os
vulcões Imbabura e Cotocachi, a
96 km de Quito, indígenas vendem silenciosamente sua produção artesanal: "fachalinas" (panos
para carregar bebês), tapetes, cerâmicas com a estrela do sol de oito pontas e
jóias de prata e pedras preciosas.
Os fregueses podem comprar
até porcos assados, vendidos aos
pedaços nas barracas.
A feira no sábado reúne cerca de
1.500 pessoas, entre visitantes e
vendedores. É no sábado também
que os noivos se casam na igreja
católica do Santuário do Senhor
das Angústias. A cerimônia é
mestiça: a noiva usa vestido branco, véu e grinalda, e o noivo, o
poncho e o chapéu típico dos índios equatorianos.
Se a simpatia do turista tocar o
nativo, ele consegue um desconto
depois de pechinchar na feira ou
uma permissão para tirar uma foto. Caso contrário, o artigo vendido tem o preço fixo, e a cessão da
imagem custa US$ 1.
Aliás, a dolarização da economia equatoriana trouxe grandes
dificuldades para os negócios
com os turistas. O que antigamente custava
alguns milhares de sucres, preço
que, depois da conversão cambial, não chegava a US$ 1, hoje
custa vários dólares.
Com a dolarização, os indígenas
sentiram o impacto da queda nas
vendas para estrangeiros. Atualmente, um sombreiro, por exemplo, custa de US$ 5 a US$ 10. Um
pingente de prata, US$ 20.
"Ganhávamos mais quando a
moeda era o sucre. Agora, a maioria dos visitantes só vem olhar e
não compra mais", comenta a
equatoriana Rosario Reyes, comerciante que trabalha há 35 anos
no mercado, vendendo sombreiros.
(ANTÔNIO GAUDÉRIO)
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