São Paulo, quinta-feira, 28 de julho de 2011

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Reserva ecológica atrai luxo e celebridades

Chalé com dois quartos pode ser alugado, por duas semanas, por cerca de R$ 159 mil

DO ENVIADO À ITÁLIA

Porto Cervo é uma espécie de reserva ecológica concebida para uma espécie que não está em extinção: a de milionários que no passado também frequentavam Saint-Tropez, Ibiza ou Capri.
Com uma população permanente de 200 pessoas, a cidadezinha abriga na alta temporada celebridades políticas como o premiê italiano Silvio Berlusconi ou seu colega russo Vladimir Putin, que navegam em duas das 600 lanchas ou iates ali ancorados.
Uma agência imobiliária, a Toscana, anuncia o aluguel de um chalé de dois quartos pelo equivalente a R$ 159 mil por duas semanas. Claro que há maneiras mais baratas de se alojar, com diárias de hotéis a partir de R$ 490. Mas o que prevalece é o luxo.
Esse recanto da Sardenha era evitado até os anos 50 em razão da alta incidência da malária, erradicada com a ajuda da Fundação Rockefeller. Os terrenos foram comprados e reloteados nos anos 60 pelo bilionário muçulmano e príncipe Karim Aga Khan, que construiu os primeiros hotéis de luxo, desenhados pelo arquiteto e urbanista Luigi Vietti (1903-1998).
As praias são estreitas e tímidas se comparadas às brasileiras. Mas não são elas que atraem os visitantes, interessados em se isolar no verão pela barreira dos preços do comércio local. Compram-se sapatos de salto alto por R$ 1.200, vestidos simples por R$ 2.080, ou uma jaqueta de linho pela bagatela de R$ 6.730. Na praça principal, come- se um espaguete com cogumelos, o prato mais barato, por R$ 58, o triplo do preço de um restaurante italiano de classe média.
Por pura ironia, no imaginário da esquerda italiana, a Sardenha é mais evocada como a ilha em que nasceram Antonio Gramsci (1891-1937) e Enrico Berlinguer (1922-1984), dois dos mais intelectualizados dirigentes comunistas da Europa Ocidental.


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