São Paulo, quinta-feira, 28 de setembro de 2006

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Esculturas de artista octogenária compõem um ateliê a céu aberto

DO ENVIADO ESPECIAL

Há um ateliê a céu aberto em Corumbá de Izulina Xavier. Por toda a cidade há esculturas dessa senhora de 81 anos, que só aos 60 foi colocar a mão na massa. Suas obras decoram tanto a praça central como as piscinas dos hotéis.
Até o Cristo Redentor e a via-sacra no mirante da cidade saíram de suas mãos. Seu ateliê mesmo chama-se Art Izu. Fica numa casa grande, com um terreno contíguo, onde estão expostos móveis, peças sacras, esculturas e painéis de madeira, concreto, pó de pedra ou barro.
A visita ao local conta sempre com a presença da própria Izulina. Com sorriso constante e muitas histórias, ela faz parte da própria identidade cultural de Corumbá. Mesmo quem nunca ouviu falar dela, ficará tentado a entrar no ateliê só de passar na sua frente. A fachada é decorada com suas esculturas, e a calçada é uma espécie de "hall da fama" de seus amigos.
Quem ela convida deixa lá seu nome e um recado. Izulina sempre foi vocacionada às artes, mesmo antes de descobrir a escultura. Até os 60 anos, já havia publicado seis romances, cinco cordéis e um livro infantil. Viúva de um fazendeiro, quase perdeu a casa em que morava, depois que seu marido avalizou o empréstimo malsucedido de um amigo. Após um acordo com o banco, "dona" Izulina cumpriu a promessa feita caso ficasse com a casa: construiu uma estátua de são Francisco de três metros de altura, hoje na entrada de seu ateliê. E não parou mais.
Após ter quebrado o braço num acidente doméstico, a escultora trocou a madeira pelo cimento, mais leve e maleável. Nem por isso passou a produzir menos: construiu por conta própria um painel de 22 quadros de 3 m por 2,5 m, no qual conta a história de Corumbá até o começo do século 19. Dedicada, está construindo mais 21 quadros, com a história mais recente.


ART IZU
Rua Cuiabá, 558; funciona diariamente Tel.: 0/xx/67/3231-2040


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