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Novela popularizou país como destino
Mesmo com os clichês e as distorções, a trama de "O Clone", de 2002, reaproximou os brasileiros de Marrocos
Após ficção da Globo, número de visitantes brasileiros em Marrocos deu um salto, indo de centenas para 16 mil
DE SÃO PAULO
Os clichês e distorções da
novela "O Clone", em 2002,
soaram ofensivos para a
maioria dos marroquinos radicados no Brasil.
Mas a ficção de Glória Perez foi fundamental para reaproximar os brasileiros de
Marrocos, que andava meio
sem apelo por aqui desde os
anos 80.
No país falsamente retratado pela Globo, marroquinos colecionavam mulheres,
membros do sexo feminino
estavam relegados à insignificância social e chibatadas
eram distribuídas a esmo.
Às favas o rigor documentário! Importa que as imagens e cenários emplacaram
no imaginário brasileiro, e
Marrocos voltou a ser pop.
Praticamente todas as TVs
brasileiras pegaram carona
no sucesso da novela e fizeram programas especiais sobre o país, que retornou às
capas de revistas de turismo.
Desde "O Clone", o número de turistas brasileiros em
Marrocos deu um salto. De
algumas centenas por ano no
final dos anos 90, chegou a
16 mil no ano passado, o que
já representa um terço do
contingente que vai para a
Holanda -que tem voo direto e diário para o Brasil.
A Royal Air Maroc cogita
reativar em 2011 a linha Casablanca-Rio, suspensa desde
1992. A meta dos marroquinos é ter, por baixo, cem mil
brasileiros por ano no país.
Num contexto em que os
brasileiros estão viajando
mais e diversificando destinos, Marrocos enfrenta concorrentes de peso -Turquia,
Grécia, Egito etc.
Nessa disputa, uma das
principais armas do país é a
diversidade de ofertas.
Há os roteiros clássicos.
Passeio de jipe no mar de
areia de Merzouga. Andar de
dromedário pelas ruas de
Marrakech. Sítios e monumentos refletindo a herança
cultural milenar das muitas
civilizações que passaram
pelo norte da África.
Sem esquecer do artesanato requintadíssimo e da culinária que os franceses consideram a única cuja sofisticação se compara a deles.
Tudo isso com a certeza de
estar num país seguro, onde
o álcool é tolerado para estrangeiros e as mulheres não
são obrigadas a cobrir a cabeça nem os ombros -muitas o
fazem, por vontade própria.
As opções menos óbvias
também valem muito a pena.
Marrocos é, por exemplo, terra de esqui. O must para muitos europeus é passar um final de semana em Michlifen
ou Oukaimeden, as duas
maiores estações de esportes
de inverno do país.
Além disso, Marrocos é,
quem diria, paradeiro de surfista e de pesca em alto mar.
O que enche os marroquinos de orgulho também é o
fato de o país ter se inserido
no circuito do alto luxo.
Marrakech, onde a designer e socialite Adriana Bittencourt fixou residência,
tem dois dos hotéis mais suntuosos do mundo.
O Mamounia, que acaba
de ser reformado, encantou
Winston Churchill, Oscar
Wilde, Catherine Deneuve e
Brad Pitt.
Já o recém-inaugurado Royal Mansour foi construído
sob ordens do rei Mohamed
6º com a recomendação de
ser o mais belo retrato da arte
marroquina de construir e
decorar.
(SAMY ADGHIRNI)
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