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Especialistas condenam shows de cetáceos; o SeaWorld defende
Tours para observar baleias são uma alternativa às atrações que confinam animais aquáticos
José Truda Palazzo Jr., fundador do projeto Baleia Jubarte, diz que ambiente natural não pode ser reproduzido
MAURÍCIO KANNO
DE SÃO PAULO
Aquários pelo mundo e a
rede de parques SeaWorld
(www.seaworld.com), nos
EUA, advogam que a manutenção de baleias e golfinhos
em confinamento e a realização de shows com animais é
uma forma de entreter e de
educar audiências.
No entanto, desde pelo
menos o acidente com a orca
macho Tilkum, de 5,5 toneladas, que matou a treinadora
Dawn Branchean, no SeaWorld, em 24 de fevereiro, na
Flórida, as discussões sobre
manter shows com esses animais se acirrou.
O SeaWorld trata o caso
como fatalidade e afirma que
"todos os animais [em seus
parques, nos EUA] estão saudáveis e adaptados" e que
80% de seus mamíferos marinhos nasceram sob os cuidados da instituição.
E reiteira, por sua assessoria de relações públicas no
Brasil, que, "além disso, as
espécies que estão em nossos
parques fazem parte de um
completo programa de procriação e pesquisa."
No entanto, para José Truda Palazzo Jr., fundador do
projeto Baleia Jubarte e ex-membro da Comissão Internacional das Baleias, "as informações ecológicas transmitidas empalidecem diante
do volume de comportamentos artificiais e mecânicos
nos "shows" com cetáceos."
Truda afirma que essas espécies são originalmente
provenientes de um ambiente natural impossível de ser
reproduzido num tanque,
"tanto em tamanho físico,
como em acústica, o que é
seu mundo sensorial."
Laerte Levai, promotor de
Justiça em São José dos Campos (SP), especializado em
direito ambiental, cita que
"muitos cetáceos recém-capturados não se conformam
com o cativeiro e se batem
nas paredes dos tanques".
Esses animais também
morrem prematuramente no
cativeiro, argumenta Cristiano Pacheco, diretor do Instituto Justiça Ambiental.
Já o SeaWorld afirma que
mantém um fundo de conservação para a vida selvagem,
com parceria de ONGs como
a WWF (www.wwf.org) e do
The Nature Conservancy
(www.nature.org).
LEGISLAÇÃO NO BRASIL
A pena para quem molesta
cetáceos em águas jurisdicionais brasileiras é de dois a
cinco anos de reclusão e a regra para confinar esses animais no país é bem restritiva.
Levai ressalta, no entanto,
que há poucos casos de aplicação dessa pena, e que o
Ibama tem o poder de autorizar que animais nascidos em
cativeiro participem de exibições públicas.
Truda admitiria aquários
bem administrados de visão
conservacionista. E reclama
do Aquário de São Paulo exibir um peixe-boi solitário.
"Essa espécie de mamífero
aquático é ameaçada de extinção e exemplares em cativeiro deveriam fazer parte de
um programa de reprodução
e reintrodução na natureza",
afirma ele.
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