São Paulo, quinta-feira, 30 de setembro de 2010

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Especialistas condenam shows de cetáceos; o SeaWorld defende

Tours para observar baleias são uma alternativa às atrações que confinam animais aquáticos

José Truda Palazzo Jr., fundador do projeto Baleia Jubarte, diz que ambiente natural não pode ser reproduzido

MAURÍCIO KANNO
DE SÃO PAULO

Aquários pelo mundo e a rede de parques SeaWorld (www.seaworld.com), nos EUA, advogam que a manutenção de baleias e golfinhos em confinamento e a realização de shows com animais é uma forma de entreter e de educar audiências.
No entanto, desde pelo menos o acidente com a orca macho Tilkum, de 5,5 toneladas, que matou a treinadora Dawn Branchean, no SeaWorld, em 24 de fevereiro, na Flórida, as discussões sobre manter shows com esses animais se acirrou.
O SeaWorld trata o caso como fatalidade e afirma que "todos os animais [em seus parques, nos EUA] estão saudáveis e adaptados" e que 80% de seus mamíferos marinhos nasceram sob os cuidados da instituição.
E reiteira, por sua assessoria de relações públicas no Brasil, que, "além disso, as espécies que estão em nossos parques fazem parte de um completo programa de procriação e pesquisa."
No entanto, para José Truda Palazzo Jr., fundador do projeto Baleia Jubarte e ex-membro da Comissão Internacional das Baleias, "as informações ecológicas transmitidas empalidecem diante do volume de comportamentos artificiais e mecânicos nos "shows" com cetáceos."
Truda afirma que essas espécies são originalmente provenientes de um ambiente natural impossível de ser reproduzido num tanque, "tanto em tamanho físico, como em acústica, o que é seu mundo sensorial."
Laerte Levai, promotor de Justiça em São José dos Campos (SP), especializado em direito ambiental, cita que "muitos cetáceos recém-capturados não se conformam com o cativeiro e se batem nas paredes dos tanques".
Esses animais também morrem prematuramente no cativeiro, argumenta Cristiano Pacheco, diretor do Instituto Justiça Ambiental.
Já o SeaWorld afirma que mantém um fundo de conservação para a vida selvagem, com parceria de ONGs como a WWF (www.wwf.org) e do The Nature Conservancy (www.nature.org).

LEGISLAÇÃO NO BRASIL
A pena para quem molesta cetáceos em águas jurisdicionais brasileiras é de dois a cinco anos de reclusão e a regra para confinar esses animais no país é bem restritiva.
Levai ressalta, no entanto, que há poucos casos de aplicação dessa pena, e que o Ibama tem o poder de autorizar que animais nascidos em cativeiro participem de exibições públicas.
Truda admitiria aquários bem administrados de visão conservacionista. E reclama do Aquário de São Paulo exibir um peixe-boi solitário. "Essa espécie de mamífero aquático é ameaçada de extinção e exemplares em cativeiro deveriam fazer parte de um programa de reprodução e reintrodução na natureza", afirma ele.


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