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São Paulo, segunda-feira, 31 de março de 2003

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HOLANDA EM TELA

Para celebrar aniversário do pintor, que foi ontem, museu de Amsterdã expõe suas influências até 15/6

Eleitos de Van Gogh festejam seus 150 anos

DO ENVIADO ESPECIAL À HOLANDA

Ontem foi dia de são Van Gogh em todo o território holandês. Foi em um 30 de março, redondos 150 anos atrás, que o pequeno Vincent abriu o berreiro pela primeira vez na cidadezinha de Groot-Zundert, no sul do país.
Também berrantes, os redemoinhos amarelos de tinta que o artista mais valorizado do mundo espalhou em mais de 800 pinturas nos seus curtos 37 anos dão o tom na Holanda durante todo o 2003.
A festa começou com os convidados certos. Os convidados do próprio Van Gogh. Há um mês, o museu que leva o nome do artista (www.vangoghmuseum.nl) abriu em Amsterdã a exposição "A Escolha de Vincent", com 200 obras dos pintores mais admirados pelo autor de "Os Girassóis".
A mostra, que poderá ser vista até 15 de junho, retrata o gosto eclético do artista, que encontrava a melhor beleza tanto nos grandes mestres, como Rembrandt, quanto em acadêmicos menos significantes na linha do tempo, caso do alemão Von Herkomer e do francês Jean-Leon Gérôme.
Também está presente nesse "museu imaginário de Van Gogh" uma seleção generosa de pinturas das mais famosas afinidades eletivas do artista -nem por isso as mais semelhantes com sua obra. São os casos de Jean-François Millet (1814-1875) e de uma boa seleção de gravuristas japoneses, como o mestre Katsushika Hokusai (1760-1849).
Ilustrando o diálogo que Van Gogh mantinha com esses artistas, obras que ele fez inspirado em trabalhos dos antecessores estão penduradas logo ao lado.
Originais das famosas cartas ao irmão Theo, desenhos e objetos pessoais do pintor "sesquicentão", como uma Bíblia que pertencera a seu pai, pastor, e com a qual Van Gogh tentou seguir também o caminho da pregação, completam a mostra. Amém.
Mas a verdadeira prece do artista fica mesmo dois andares acima, na mostra de obras da coleção permanente de Van Gogh. Ali estão "ad infinitum" dezenas de pinturas, algumas delas legítimos emblemas visuais que o artista deixou para o Ocidente, como "Campo de Trigo com Corvos" (talvez sua última obra, de pouco antes de seu suicídio, em 1890).
Dono da maior coleção de obras de Van Gogh -em parceria com o museu Kröller-Müller, nos arredores da capital -, o espaço criado em 1973 vai utilizar boa parte desse acervo na segunda mostra do sesquicentenário.
No dia 27 de junho o museu abre, em parceria com o Stedelijk Museum, a exposição "Gogh Moderno", que contará com trabalhos do mestre pós-impressionista ao lado de obras de "influenciados" seus mais recentes, como os artistas Willem de Kooning e Anselm Kiefer.
(CASSIANO ELEK MACHADO)


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