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Holandeses apresentaram Brasil ao mundo
DA REDAÇÃO
As mostras de arte holandesa que têm lugar em diversas cidades do país (veja texto nesta pág.) resgatam uma história muitas vezes mal contada. O Brasil deve aos holandeses -pintados nas aulas de história penas como invasores insensíveis- a documentação pictórica pioneira de sua paisagem.
Frans Post e Albert Eck- hout foram dois dos primeiros artistas a registrarem com tinta a óleo a paisagem
do Nordeste, o céu rasgado, o cenário natural que se revela até quase o infinito e os
tipos mestiços, exóticos, tão improváveis aos olhos de um europeu como a fauna e
a flora que se escondem nos
detalhes de suas pinturas.
Não que o domínio holandês tenha sido pacífico, um
mar de rosas, uma ocupação
a ser festejada. Mas o fato é
que quando os Exércitos da
Companhia das Índias dos
Países Baixos tomaram
Olinda em 1630, iniciando
um período de ocupação de
vasta área do Nordeste por
24 anos, a Holanda estava
mundialmente envolvida
numa conflagração mundial
contra a Espanha.
Coadjuvante nessa disputa, Portugal fora integrado à
Espanha, formando, desde
1580, a União Ibérica, que
durou até 1640.
No Brasil, o Tratado de
Tordesilhas virou letra morta nesse período de 60 anos
de união das Coroas de Portugal e de Castela; os bandeirantes marcharam para oeste; e, no Nordeste, a região
governada pelo príncipe
Maurício de Nassau criou
raízes mais fundas que as
dos canaviais que financiaram a empreitada.
Pintor de paisagens, desenhista e gravador, Frans Post
chegou ao Brasil em 1637, vivendo apenas oito anos em
Pernambuco, onde registrou
com maestria paisagens bucólicas nas cercanias do rio
Capiberibe, a várzea alagadiça, casarões de taipa, surpreendendo ao esconder nas
sombras de seus óleos, na
mata densa, capivaras, cobras e tatus. Só oito de seus
óleos foram pintados no
país. Outros 130 quadros
creditados a ele foram feitos
de memória, mostrando ruínas imaginárias, sem a força
dos originais brasileiros.
Já Albert Eckhout, que
também chegou em 1637, teria pintado 26 óleos no país,
dados por Nassau ao Reino
da Dinamarca, ao qual era ligado por parentesco materno, na vã esperança de obter
apoio para sua ascensão política. A brasiliana de Eck-
hout ficou semi-esquecida
até 1876, quando d. Pedro 2º
visitou Copenhague e ficou
maravilhado. (SILVIO CIOFFI)
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