UOL


São Paulo, segunda-feira, 31 de março de 2003

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Holandeses apresentaram Brasil ao mundo

DA REDAÇÃO

As mostras de arte holandesa que têm lugar em diversas cidades do país (veja texto nesta pág.) resgatam uma história muitas vezes mal contada. O Brasil deve aos holandeses -pintados nas aulas de história penas como invasores insensíveis- a documentação pictórica pioneira de sua paisagem.
Frans Post e Albert Eck- hout foram dois dos primeiros artistas a registrarem com tinta a óleo a paisagem do Nordeste, o céu rasgado, o cenário natural que se revela até quase o infinito e os tipos mestiços, exóticos, tão improváveis aos olhos de um europeu como a fauna e a flora que se escondem nos detalhes de suas pinturas.
Não que o domínio holandês tenha sido pacífico, um mar de rosas, uma ocupação a ser festejada. Mas o fato é que quando os Exércitos da Companhia das Índias dos Países Baixos tomaram Olinda em 1630, iniciando um período de ocupação de vasta área do Nordeste por 24 anos, a Holanda estava mundialmente envolvida numa conflagração mundial contra a Espanha.
Coadjuvante nessa disputa, Portugal fora integrado à Espanha, formando, desde 1580, a União Ibérica, que durou até 1640.
No Brasil, o Tratado de Tordesilhas virou letra morta nesse período de 60 anos de união das Coroas de Portugal e de Castela; os bandeirantes marcharam para oeste; e, no Nordeste, a região governada pelo príncipe Maurício de Nassau criou raízes mais fundas que as dos canaviais que financiaram a empreitada.
Pintor de paisagens, desenhista e gravador, Frans Post chegou ao Brasil em 1637, vivendo apenas oito anos em Pernambuco, onde registrou com maestria paisagens bucólicas nas cercanias do rio Capiberibe, a várzea alagadiça, casarões de taipa, surpreendendo ao esconder nas sombras de seus óleos, na mata densa, capivaras, cobras e tatus. Só oito de seus óleos foram pintados no país. Outros 130 quadros creditados a ele foram feitos de memória, mostrando ruínas imaginárias, sem a força dos originais brasileiros.
Já Albert Eckhout, que também chegou em 1637, teria pintado 26 óleos no país, dados por Nassau ao Reino da Dinamarca, ao qual era ligado por parentesco materno, na vã esperança de obter apoio para sua ascensão política. A brasiliana de Eck- hout ficou semi-esquecida até 1876, quando d. Pedro 2º visitou Copenhague e ficou maravilhado. (SILVIO CIOFFI)

Texto Anterior: Eleitos de Van Gogh festejam seus 150 anos
Próximo Texto: SP exibe releitura atual da paisagem holandesa
Índice


UOL
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.