São Paulo, quinta-feira, 31 de agosto de 2006

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ROTA LAICO-RELIGIOSA

Bilbao celebra identidade cultural

Arte, arquitetura e gastronomia justificam ida à cidade transformada com a abertura do museu Guggenheim

DA ENVIADA ESPECIAL À ESPANHA

Bilbao, a capital econômica do País Basco, não faz parte do caminho Real Francês, mas seu forte apelo cultural justifica um pequeno desvio.
Nos últimos 15 anos, a cidade espanhola transformou sua identidade, de pólo industrial para um pólo de arquitetura, cultura e gastronomia. Foi uma mudança quase que obrigatória depois que a indústria pesada de ferro, aço e carvão, responsável pelo crescimento da cidade, se deslocou para o Sudeste Asiático, levando as taxas de desemprego local para além dos 30%. Para salvar a cidade, o governo investiu no setor de serviços e na diversificação de sua indústria e apostou na arquitetura contemporânea como foco da mudança.
O marco da transformação foi a abertura, em 1997, do museu Guggenheim, projeto de 600 milhões do arquiteto norte-americano Frank Gehry -controverso por ter sido financiado pela administração basca- que se tornou a cara da cidade. Feito de placas de titânio muito finas, como escamas, que evocam o passado industrial e portuário de Bilbao, o museu muda de cor conforme a hora do dia e a intensidade da luz- de modo que esse Guggenheim nunca é o mesmo.
Uma de suas instalações permanentes fica do lado de fora: é o gigante cachorro florido do artista americano Jeff Koons, "Puppy" (1992). Também do lado de fora, atrás do museu, está a enorme aranha de bronze "Maman" (1999), da escultora francesa Louise Bourgeois.
A menos de cinco minutos à pé do Guggenheim, mas menos conhecido, o Museu de Belas Artes e de Arte Moderna de Bilbao abriga em seu acervo obras da Idade Média, exemplares da escola espanhola do século 18 - como Diego Velázquez (1599-1660) e Francisco Goya (1746-1828)- até pintores europeus do início do século 20 à atualidade, como Paul Gauguin (francês, 1848-1903), Andy Warhol (americano, 1928-1987) e Willem de Kooning (holandês, 1904-1997).

Revitalização
Em 2004, os mais de 900 mil visitantes do museu (63% de fora da Espanha) geraram ingressos para a economia basca da ordem de 184 milhões , além de 30 milhões coletados pelo Tesouro, segundo a Fundação Guggenheim, que administra o museu.
Ainda um tanto dura no aspecto, os trabalhos de restauração recentes revelaram prédios antes cobertos pelo cinzento da poluição industrial. As margens do rio Nervión, onde antes ficavam os estaleiros, foram convertidas em uma zona arborizada e de hotéis de luxo. Aí fica a avenida Abandoibarra -a chamada "milha do ouro", por ser a zona mais cara e mais moderna da cidade.
Mas nem tudo em Bilbao é modernidade. A cidade fundada no ano 1300 tem seu coração no Casco Viejo, integrado pelas chamadas "sete ruas", que concentram os melhores bares e restaurantes.
É aí onde muitos bilbaínos realizam um de seus passatempos, o ritual do "chiqueteo": ir de bar em bar tomando "chiquitos" (copos de vinho) ou "zuritos" (copos de cerveja), sempre acompanhados dos tradicionais "pintxos" (pinchos) -às vezes com variações esquisitas como cristas de galo. (CAROLINA VILA-NOVA)


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