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ROTA LAICO-RELIGIOSA
Bilbao celebra identidade cultural
Arte, arquitetura e gastronomia justificam ida à cidade transformada com a abertura do museu Guggenheim
DA ENVIADA ESPECIAL À ESPANHA
Bilbao, a capital econômica
do País Basco, não faz parte do
caminho Real Francês, mas seu
forte apelo cultural justifica um
pequeno desvio.
Nos últimos 15 anos, a cidade
espanhola transformou sua
identidade, de pólo industrial
para um pólo de arquitetura,
cultura e gastronomia. Foi uma
mudança quase que obrigatória
depois que a indústria pesada
de ferro, aço e carvão, responsável pelo crescimento da cidade, se deslocou para o Sudeste
Asiático, levando as taxas de
desemprego local para além
dos 30%. Para salvar a cidade, o
governo investiu no setor de
serviços e na diversificação de
sua indústria e apostou na arquitetura contemporânea como foco da mudança.
O marco da transformação
foi a abertura, em 1997, do museu Guggenheim, projeto de
600 milhões do arquiteto norte-americano Frank Gehry
-controverso por ter sido financiado pela administração
basca- que se tornou a cara da
cidade. Feito de placas de titânio muito finas, como escamas,
que evocam o passado industrial e portuário de Bilbao, o
museu muda de cor conforme a
hora do dia e a intensidade da
luz- de modo que esse Guggenheim nunca é o mesmo.
Uma de suas instalações permanentes fica do lado de fora: é
o gigante cachorro florido do
artista americano Jeff Koons,
"Puppy" (1992). Também do
lado de fora, atrás do museu,
está a enorme aranha de bronze "Maman" (1999), da escultora francesa Louise Bourgeois.
A menos de cinco minutos à
pé do Guggenheim, mas menos
conhecido, o Museu de Belas
Artes e de Arte Moderna de Bilbao abriga em seu acervo obras
da Idade Média, exemplares da
escola espanhola do século 18
- como Diego Velázquez
(1599-1660) e Francisco Goya
(1746-1828)- até pintores europeus do início do século 20 à
atualidade, como Paul Gauguin
(francês, 1848-1903), Andy
Warhol (americano, 1928-1987) e Willem de Kooning
(holandês, 1904-1997).
Revitalização
Em 2004, os mais de 900 mil
visitantes do museu (63% de
fora da Espanha) geraram ingressos para a economia basca
da ordem de 184 milhões ,
além de 30 milhões coletados pelo Tesouro, segundo a
Fundação Guggenheim, que
administra o museu.
Ainda um tanto dura no aspecto, os trabalhos de restauração recentes revelaram prédios
antes cobertos pelo cinzento
da poluição industrial. As margens do rio Nervión, onde antes ficavam os estaleiros, foram
convertidas em uma zona arborizada e de hotéis de luxo. Aí
fica a avenida Abandoibarra -a
chamada "milha do ouro", por
ser a zona mais cara e mais moderna da cidade.
Mas nem tudo em Bilbao é
modernidade. A cidade fundada no ano 1300 tem seu coração no Casco Viejo, integrado
pelas chamadas "sete ruas",
que concentram os melhores
bares e restaurantes.
É aí onde muitos bilbaínos
realizam um de seus passatempos, o ritual do "chiqueteo": ir
de bar em bar tomando "chiquitos" (copos de vinho) ou
"zuritos" (copos de cerveja),
sempre acompanhados dos
tradicionais "pintxos" (pinchos) -às vezes com variações
esquisitas como cristas de galo.
(CAROLINA VILA-NOVA)
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