Ave fica em gaiola dentro do templo para relembrar milagre realizado pelo fundador do lugarejo

DA ENVIADA ESPECIAL À ESPANHA

Na Rioja, os 65 km do caminho Real Francês levam o viajante a locais como a capital, Logroño, a Navarrete, povoado com importantes bodegas e tradição de artesanato, e à pequena Santo Domingo de la Calzada, vila medieval e palco de um famoso milagre realizado pelo santo que lhe dá nome.
A cidade nasceu e cresceu em torno do caminho pelas mãos de santo Domingo, que construiu pontes, uma igreja e albergues para os peregrinos.
Conta a lenda que um jovem alemão que peregrinava com seus pais até Santiago se negava a ceder aos galanteios da filha do dono do restaurante da vila. Sentindo-se rejeitada, ela escondeu um copo de prata na bolsa do jovem, que, no dia seguinte, foi acusado e enforcado pelo roubo.
Mas santo Domingo salvou o rapaz da morte e, na volta de Santiago de Compostela, os pais encontraram o filho vivo. Saíram para contar a novidade à autoridade local. Esta, cética, disse que o filho estava tão vivo quanto o galo e a galinha que ele se preparava para comer naquele momento. No mesmo instante, as aves se levantaram, se encheram de penas brancas, e o galo cantou.
Daí em diante a vila ficou conhecida como "Santo Domingo de la Calzada, onde cantou a galinha depois de assada". Até hoje, dentro da catedral do Salvador, uma gaiola do século 15, de estilo gótico, acolhe um galo e uma galinha (vivos!) para recordar o milagre. Diz-se que o viajante que ouvir o galo cantar fará uma boa peregrinação.
Declarada Monumento Nacional em 1931, a igreja foi iniciada por santo Domingo e o rei Alfonso 6º em 1098 e abriga o sepulcro do santo. À sua esquerda, na mesma praça do Santo, fica hoje o parador de turismo Santo Domingo, o primeiro hospital de peregrinos do caminho, construído no século 12 e convertido em um hotel em 1965. Hoje, apenas seu hall é original; o restante, como seus 65 quartos, foi reformado.
(CAROLINA VILA-NOVA)


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