São Paulo, domingo, 4 de outubro de 1998

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

CAPA
Nova "Pecado Capital' quer fugir da obrigação de seguir o original

Folha Imagem
Betty Faria e Francisco Cuoco, o casal central do original de Janete Clair, em 76



Remake traz núcleo clubber, novos personagens e pode ter um final diferente do de 76


ANNA LEE
da Sucursal do Rio

"Tenho certeza de que não estamos diante de um remake, mas de uma nova novela." Assim Daniel Filho, diretor de criação da Rede Globo, se referiu à novela "Pecado Capital", que estréia amanhã, às 18h.
"Pecado Capital" é uma releitura de Glória Perez para a obra de Janete Clair produzida pela Globo de novembro de 1975 a junho de 1976. Na época, foi dirigida por Daniel Filho. Agora terá direção geral de Wolf Maya até o 30º capítulo e, depois, de Maurício Farias.
"Os temas abordados em "Pecado Capital' são muito atuais, se encaixam perfeitamente nos dias de hoje, mas foram feitas mudanças. A história de Janete serviu como base dramática. O texto não é exatamente o mesmo. Além disso, foram acrescentados personagens", disse Daniel Filho, que queria reeditar a novela havia pelo menos dois anos.
A decisão de veicular a novela às 18h é consequência, segundo Daniel Filho, da estratégia adotada pela Globo de "dar a todos os horários a mesma importância".
"Pecado Capital' vai dar esse empurrão. É o mesmo que dizermos que o horário das 18h é sério, importante", disse Daniel Filho.
A tarefa de adaptar o texto ele deu a Glória Perez por considerá-la "filha" de Janete. Em 1983, quando esta adoeceu, foi Glória a escolhida da autora, que não gostava de trabalhar com colaboradores, para dar continuidade à novela que estava escrevendo "Eu Prometo".
"O ponto de partida é o mesmo, um taxista que encontra uma mala de dinheiro em seu carro e vive um conflito moral para decidir se fica ou não com o dinheiro. A diferença é que modernizei uns aspectos da trama", disse Glória.
"Como a história vai se desenrolar ainda não sei. Novela é uma coisa de momento, não se sabe em qual química vai resultar no ar. De acordo com isso, a minha versão pode tomar caminhos diferentes dos criados por Janete."
Uma das "químicas" em que Glória está apostando já foi experimentada, com sucesso, pela Globo em sua última novela das oito: Carolina Ferraz e Du Moscovis vão repetir em "Pecado Capital" o par romântico que viveram em "Por Amor", que, com "beijos ardentes", repetidos exaustivamente pela emissora, aumentaram a audiência da novela.
Na trama central de "Pecado Capital", está um triângulo amoroso. Lucinha (Carolina Ferraz), uma moça de Marechal Hermes (subúrbio do Rio, onde parte da novela está sendo gravada), é noiva do taxista Carlão (Du Moscovis), um tipo grosseirão, porém honesto e de bom coração. A vida dela se transforma quando desperta em Salviano Lisboa (Francisco Cuoco), dono da fábrica onde trabalha, o desejo de reestruturar sua vida afetiva.
A novela ainda terá tramas paralelas, como a ascensão do publicitário Nélio Porto Rico (Alexandre Borges), os conflitos do casamento de Vitória (Thaís de Campos) e Ernani (Floriano Peixoto), o choque de gerações e interesses na empresa Centauro, comandada por Salviano, entre outros.
Vilminha (Paloma Duarte), a filha rebelde de Salviano, na primeira versão, fazia corridas de carro, a transgressão máxima para a época. Agora, ela faz piercing e anda com uma tribo de clubbers.
Os personagens Tenorinho (Eri Johnson), um suburbano, jogador de futevôlei, que esconde sua origem, e Aurora (Darlene Glória), ex-vedete que vive de lembranças, foram incorporados à história.
Betty Faria, intérprete de Lucinha na novela passada, fará uma participação especial. Daniel Filho cantará em cena o mesmo tango que seu pai, Juan Daniel, cantou na novela, nos anos 70.
O final da história de Janete foi resultado, como contou Daniel Filho, de um acordo entre ele e a autora. "Ela queria que o Carlão vivesse com o dinheiro e que o Salviano ficasse com a Lucinha. Eu não concordei. Fizemos então uma barganha. Eu disse que só casava os dois se o Carlão morresse. Agora não sei como Glória e Wolf farão."
Glória ainda não sabe o final que dará para sua versão de "Pecado Capital", mas, se ela seguir a orientação da direção da Globo, não há dúvida de que será um "final ético; construtivo; educativo; feliz, para os que merecerem".
Essa é, segundo a superintendente-executiva da emissora, Marluce Dias da Silva, a política de "merchandising social" adotada pela emissora e que ela explicou como a "preocupação em passar padrões sociais construtivos".



Texto Anterior | Próximo Texto | Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Agência Folha.