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MARATONA MUSICAL
Emissora relança evento musical que, nos anos 80, revelou Oswaldo Montenegro e Guilherme Arantes
Globo quer evitar pagode e sertanejo em festival
DA SUCURSAL DO RIO
O RELANÇAMENTO do Festival
de Música Brasileira, promovido
pela Rede Globo, é motivado por uma
busca de músicas mais criativas. A definição é do diretor Roberto Talma, que
gerencia a realização do evento.
"Está faltando mais criatividade na
nossa música. Apareceram alguns nomes nos últimos anos, mas caiu muito a
qualidade. Se pudermos nos desligar dos
pagodes malfeitos e dos sertanejos quase
mexicanos, o festival já vai ter cumprido
o seu papel", afirma Talma.
Embora reclame da qualidade da música na TV, Talma foi o responsável por
um dos maiores fracassos da Globo em
99, o programa "Samba, Pagode e Cia.",
com Netinho, do Negritude Jr., e Salgadinho, do Katinguelê, exatamente na linha
que agora ele condena.
Ele diz que, se não aumentar a qualidade das músicas, o festival vai, ao menos, criar novos nomes para serem apresentados nos programas de auditório. "Não há artistas para tantos programas ao mesmo tempo. Talvez ajude a parar de repetir as mesmas
coisas", afirma.
Na fase de inscrição, que vai até o dia 15 de março, deverão ser distribuídos 60 mil kits em todo o Brasil. Até a
semana passada, 8.000 inscrições já tinham chegado à
emissora.
Quando essas composições chegam, são cadastradas
em um banco de dados e distribuídas para a comissão
julgadora, formada por 18 a 20 pessoas cujos nomes
Talma promete não revelar.
"Os autores das músicas viram números para evitar
favorecimento a um eventual competidor que já seja famoso. A comissão vai ser secreta ou a vida dos julgadores vai virar um inferno", diz.
Das milhares de composições, sobrarão apenas 48,
que competirão em quatro eliminatórias semanais, a
partir de 23 de agosto, no Credicard Hall, em São Paulo.
A grande final contará com 12 competidores. Os vencedores dividirão R$ 1 milhão em prêmios.
Talma afirma que o critério principal para a escolha
será o bom senso. "Vamos estar atentos às boas letras e
melodias que surgirem, faremos as escolhas com muito
bom gosto."
Julgando somente pela quantidade de
candidatos, a disputa já seria acirrada.
Mas Talma se encarregou de criar mais
algumas dificuldades para quem quiser
inscrever seu trabalho. A principal delas
é a exigência do envio da música gravada
em um CD ou em DAT (fita digital).
"Isso evita que uma pessoa com um
gravador caseiro mande sua música para nós. Queremos gente que realmente
queira ser artista, que esteja disposta a
enfrentar dificuldades e a fazer sacrifícios. Além do mais, CDs e DATs são coisas que qualquer músico consegue gravar hoje em dia", afirma.
Ao se inscrever, o candidato deve
preencher um documento que libera sua
música para execução na Globo do momento da inscrição a até 60 dias após o
fim do festival. Só é permitida a inscrição
de uma música por autor.
Após selecionadas, as músicas ganharão videoclipes que serão exibidos durante a programação da Globo. Mas para
o artista, cantor ou compositor que acha
que vai ficar famoso na tela da Globo,
poderá acontecer uma decepção.
Segundo o regulamento estabelecido
pela emissora, será a Globo que escolherá quem interpretará a canção e os músicos que farão os arranjos para o festival.
A Globo não apresentará somente videoclipes com as atrações deste ano. Nos
meses de junho, julho e agosto serão
mostrados programetes diários nos
quais a história dos festivais da canção,
desde os anos 60, será lembrada.
"Será uma forma de aquecer o público
e despertar neles as lembranças dos melhores momentos", diz Talma. Os festivais na TV revelaram artistas da categoria de Gilberto Gil e Caetano Veloso, além de Tom Zé,
Geraldo Vandré e Oswaldo Montenegro.
Outro componente importante do festival será a participação popular. Nos dez dias entre a quarta eliminatória, no dia 13 de setembro, e a final, no dia 23, os espectadores poderão votar em sua música preferida por
telefone, carta, e-mail ou fax.
O diretor acha que o festival abrirá novas possibilidades no cenário musical brasileiro. "Será um termômetro da nova música brasileira, que ninguém mais sabe
bem qual é. Poderemos saber quais são os gêneros em
ascensão, o que as pessoas estão produzindo. Com certeza, não é mais o pagode nem a axé music", analisa.
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