São Paulo, Domingo, 09 de Maio de 1999
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Estréia de "Força de um Desejo", amanhã marca a volta do autor Gilberto Braga à faixa das seis, com uma história da época da abolição da escravatura, sua "patota" de atores preferidos - incluindo sua "musa" Sonia Braga à Rede Globo - e a árdua tentativa de superar os 35 pontos de audiência
A volta de Isaura

ANNA LEE
da Sucursal do Rio

Romantismo para ter audiência. A estréia amanhã na Globo de "Força de um Desejo", que pretende resgatar os ideais do romantismo do século 19, marca a volta das novelas de época na faixa das seis.
O estilo já foi sucesso na emissora nos anos 70, quando novelas como "Senhora" e "Escrava Isaura" conquistaram o público. Esta última ainda é hoje a recordista de exportação da Globo.
"A opção por uma novela de época não teve o intuito exclusivo de melhorar a audiência. Uma série de coincidências nos levaram a investir nessa produção", disse Marcos Paulo, diretor de núcleo de "Força de um Desejo", que tem direção-geral de Mauro Mendonça Filho.
"Mas não há dúvida de que é necessário buscar meios para conquistar o público, que hoje tem outras opções, como o computador e a TV a cabo. O caminho pode ser repetir fórmulas que já fizeram sucesso", admite.
Ainda mais se acontecem as "coincidências" que Marcos Paulo diz terem ocorrido no caso de "Força de um Desejo".
"Era a vez de Gilberto Braga escrever, o horário disponível era o das seis, tínhamos uma ótima sinopse de época de Alcides Nogueira (que está dividindo a autoria com Braga). Também tínhamos um bom elenco para dispor", disse Marcos Paulo.
Até há pouco tempo, era inimaginável Gilberto Braga aceitar escrever uma novela para as 18h. Afinal, desde que "Dancin" Days", em 1978, o consagrou como um dos mais competentes novelistas brasileiros, ele não abandonou mais o horário nobre das oito.
Mais "coincidência" ainda: o elenco disponível era justamente aquele que Braga costuma chamar de "minha patota": Malu Mader, Reginaldo Faria, José Lewgoy, Cláudio Corrêa e Castro, Natália Thimberg e Fábio Assunção, que, segundo o autor, acaba de ingressar na "sua turma".
Maior das "coincidências": Sônia Braga, a musa-mor de Braga -que há algum tempo a Globo tenta trazer dos Estados Unidos, ela onde mora há quase 20 anos-, desta vez concordou com o valor do contrato, estava com tempo na agenda e com muita vontade de fazer novela no Brasil.
Resultado: Marcos Paulo está apostando que "Força de um Desejo" vai conseguir atingir o trilho de 35/45 pontos no Ibope, esperado para o horário das 18h -o que sua antecessora, o remake de "Pecado Capital", também uma tentativa de repetir uma fórmula que deu certo, não conseguiu. "Pecado" teve média semanal de 27 pontos no Ibope.

História
O mote principal de "Força de um Desejo" é o triângulo amoroso formado por Ester (Malu Mader) -dona de um elegante salão de prostituição da corte do Rio de Janeiro, no século 19-, o barão Henrique Sobral (Reginaldo Faria) -fazendeiro da região do Vale do Paraíba- e seu filho Inácio (Fábio Assunção).
A história se passará em duas fazendas de café, situadas no Vale do Paraíba, e na cidadezinha fictícia de Villa de Sant'Anna. Como pano de fundo, terá as modificações que aconteceram no cenário político e econômico dos anos 60 do século 19 -declínio dos senhores de engenho de cana-de-açúcar e ascensão dos cafeicultores, início do movimento abolicionista e surgimento da burguesia endinheirada.
Inácio, filho mais velho de Sobral, tem conflitos com o pai por causa da forma como ele trata a mulher, Helena (Sônia Braga). Depois de uma discussão com o pai, resolve sair de casa e ir para a corte.
Lá, conhece Ester e se apaixona por ela. Os dois vivem um romance, que será interrompido porque a mãe de Inácio morre, e ele tem que voltar para a fazenda.
Depois de ficar viúvo, Sobral -um homem com tendências liberais que não combinam com a forma autoritária que trata sua mulher- decide ir para a corte, onde conhece Ester.
Ele não sabe que ela teve ligação com Inácio e acaba se envolvendo. Por sua vez, Ester, que pouco sabe sobre Inácio -ele não usava o nome do pai na corte- aceita se casar com Sobral.
Só quando vai morar na fazenda descobre que seu marido é pai do homem por quem é apaixonada.

Tramas paralelas
Entre as tramas paralelas está a rivalidade entre Sobral e Higino Ventura (Paulo Betti) -homem que nasceu pobre, mas enriqueceu e tentará arruinar o barão por conta de um romance vivido no passado com Helena.
Há também o drama de Abelardo (Selton Mello), filho mais novo de Sobral, que, além de se sentir rejeitado pela mãe, é obstinado em ser como Inácio. Ele é apaixonado por Alice (Lavínia Vlasak), filha de Higino, que gosta de Inácio.


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