São Paulo, domingo, 24 de setembro de 2000

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PERFIL / LILIAN WITTE FIBE

Depois de deixar, em abril deste ano, o comando e a apresentação do "Jornal da Globo", onde esteve por dois anos, a jornalista Lilian Witte Fibe experimenta novos rumos em sua carreira. Apresenta, atualmente, boletins diários em uma rádio de São Paulo e estréia em outubro o "Jornal da Lilian", um site multimídia do qual vai ser âncora e editora-chefe. Mesmo assim, não descarta voltar para a TV. "Nunca digo nunca."
DA REPORTAGEM LOCAL

Muita coisa foi dita sobre sua saída da Rede Globo, que você estava insatisfeita com a emissora, que considerou insatisfatória a proposta financeira que lhe ofereceram. O que de fato motivou você a abandonar a emissora?
A nota da Globo de que eu não aceitei a proposta financeira deles foi mentirosa. Meu problema não era dinheiro, nem toquei nesse assunto. Aliás, eu já achava que estava ganhando bem demais. Eu saí da Globo sem nenhum atrito com ninguém que eu saiba. Meu contrato venceu em março, e eles me pediram para prolongá-lo por mais algumas semanas, o que eu fiz com muito boa vontade. Só deixei claro que eu não queria continuar naquele ritmo de vida que eu levava, vivendo à noite e dormindo de dia. Já estava cansada.
Por quanto tempo você viveu nesse ritmo, apresentando telejornais noturnos?
Vivi assim por quase dez anos. Em 91, no SBT, deixei de ser comentarista econômica e virei âncora e editora do "Jornal do SBT", que ia ao ar depois do programa do Jô Soares. E desde então fiquei levando essa vida noturna, com exceção dos dois anos que eu passei no Rio, apresentando o "Jornal Nacional", de 96 a 98 -e aí só via meus filhos nos finais de semana, que era quando eu ia para casa; eu levava vida de ponte aérea, não tinha vida pessoal. Depois disso, voltei para São Paulo para fazer o "Jornal da Globo".
Mas eu tinha muito claro na minha cabeça que seriam somente dois anos. Quando acabou esse período, avisei para eles que não iria mais continuar à frente do jornal, que eu queria voltar a ter qualidade de vida. Já tinha investido na minha carreira o suficiente. Sempre tive clara a relação entre custo e benefício do meu trabalho.
Então você saiu da Globo sem ter nenhum outro trabalho em vista?
Pois é, eu não tinha nenhum convite de trabalho na época, mas mesmo assim resolvi sair da emissora. Foi a primeira vez que saí de um lugar sem ter nada em vista. Sentei com meu marido, fizemos as contas, e ele me falou: "Tudo bem, você pode parar de trabalhar sem problema".
Mas, depois que você anunciou sua demissão, houve muitas propostas de outras emissoras?
Para minha surpresa, não recebi nenhuma proposta de televisão, aberta ou fechada. Fui procurada pela rádio Bandeirantes, para fazer boletins diários de economia, e muito procurada, sim, por empresas de Internet, todas oferecendo algo ligado à TV na Internet. Recebi muitos convites, que iam desde um site financeiro norte-americano, que estava sendo lançado na América Latina, até um portal feminino. E a proposta que mais me interessou foi a do portal Terra.
Como vai ser o seu site no portal?
O site vai estrear em outubro, vai se chamar "Jornal da Lilian", e eu serei a âncora e a editora-chefe. Será totalmente multimídia: terá TV -cinco boletins diários mais um programa semanal de entrevistas-, texto escrito, interatividade, enquetes, chats, fóruns de discussão. Procuraremos mostrar os principais assuntos e acontecimentos do dia, sempre de um ponto de vista analítico.
Já foram feitas pesquisas indicando que o que as pessoas esperam de mim é uma explicação. Não terei a preocupação de dar tudo o que acontece. Quando apresentava o "Jornal da Globo", ficava histérica se, no dia seguinte, os jornais trouxessem algo que me surpreendesse.
Já se especulou que sua ida para a rádio Bandeirantes seria uma porta de entrada para a TV Bandeirantes. Existe essa possibilidade?
Nem sei se a TV Bandeirantes vai investir em telejornalismo. Mas nunca houve nenhuma conversa desse tipo. O convite para eu ir para a Bandeirantes partiu do Marcelo Parada, diretor da rádio, que foi meu único interlocutor nas negociações. Não conversei com ninguém da televisão e fiquei sabendo dessas especulações pelos jornais.
Mas você pretende voltar para a televisão algum dia?
Olha, eu nunca digo nunca. Mas agora estou me dedicando muito a esse projeto, não posso nem pensar em outra coisa. Nem se eu tivesse um convite agora.
Você deixou de ser assistida diariamente por milhões de telespectadores para falar a um público mais específico e muito menor, o da Internet. Como você encara essa mudança?
Sem dúvida, a Internet atinge um número muito pequeno de pessoas se compararmos com a TV. Mas será uma experiência nova, ainda estou aprendendo muito sobre a Internet, que sempre me encantou. Ela trouxe uma verdadeira revolução mundial, e eu não poderia deixar de fazer parte dessa revolução. A Internet é irreversível, só pode crescer. (CLÁUDIA CROITOR)





BLITZ
Nome: Lilian Witte Fibe
Local e data de nascimento: SP 21/10/1953
Já foi apresentadora de: "Jornal do SBT" (SBT), "Jornal Nacional" e "Jornal da Globo" (Globo)




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