|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
CARNAVAL
Cantor co-produz documentário sobre o grupo carnavalesco baiano, que o canal
pago GNT exibe amanhã, às 22h
Gilberto Gil leva bloco Filhos de Gandhy à TV paga
DA SUCURSAL DO RIO
O CANAL pago GNT (Net e Sky)
apresenta a curiosa fusão de candomblé, comunismo, Gilberto Gil e seu
encontro com religiosos de algumas cidades da Índia e com a filosofia do pacifista Mohandas Gandhi. Essa mistura está registrada no documentário "Filhos de
Gandhy", que o canal exibe amanhã, a
partir das 22h.
O tema do programa é o bloco Filhos
de Gandhy (assim mesmo, com a letra
"y"; o motivo é revelado no programa),
que fez 50 anos em 99. O diretor Lula
Buarque de Hollanda decidiu entrar nessa nova empreitada após fazer dois documentários com Gilberto Gil: o premiado
"Pierre "Fatumbi" Verger - Mensageiro
entre Dois Mundos" e "Tempo Rei".
Para concretizar o projeto, a Conspiração Filmes e o
GNT gastaram juntos cerca de R$ 625 mil. As gravações
começaram com a preparação do Carnaval do Filhos de
Gandhy em janeiro do ano passado, passaram pelo desfile, continuaram com uma viagem à Índia e terminaram com algumas cenas adicionais em Salvador.
"Eu soube da existência do Filhos de Gandhy quando
ouvi a música do Gil pela primeira vez, na década de 70.
Sempre fiquei intrigado com a sua história e tive um
contato mais forte quando fomos gravar os documentários em Salvador", conta Lula.
O filme não faz uso da história formal para contar a
trajetória do Gandhy. O que conduz a narrativa é uma
série de relatos dos fundadores do bloco.
"Queríamos que fosse uma narrativa mais orgânica,
descontinuada, seguindo o diálogo dos fundadores. Seria algo mais parecido com uma conversa. Faço tudo
para fugir do didatismo, quero pegar as pessoas pela
emoção das imagens e das histórias", diz o diretor.
O bloco foi criado por um grupo de estivadores comunistas em 1949. Sentindo-se reprimidos politicamente, resolveram criar um bloco inspirado no que tinham ouvido falar do que seriam os ideais pacifistas do
líder político e religioso indiano Mohandas Gandhi.
Seria uma forma de prosseguir na luta sem lutar. Como a ótica era pacifista, a única exigência para participar dos desfiles era ter bons antecedentes.
Desde o primeiro ano, somente homens desfilam. As
mulheres apenas observam o desfile. "São 12 mil homens solteiros e cobiçados. Se uma mulher quer arrumar um casamento tem que ir para lá", brinca Gilberto
Gil, vice-presidente do bloco e co-produtor do documentário.
"As mulheres ficam de fora porque
elas são o objeto da cobiça dos homens.
Eles desfilam por elas. É um ritual. Além
disso, se misturássemos, poderiam
acontecer brigas entre os homens dali de
dentro mesmo", analisa de forma bem-humorada o presidente do bloco, Agnaldo Silva.
Gilberto Gil desfila no Gandhy há 25
anos e foi um dos coordenadores da
grande festa do cinquentenário. "Cresci
vendo o Filhos de Gandhy desfilando e
dizendo que um dia estaria lá. Realizei
um sonho", conta.
Foi de Gil uma idéia curiosa: fazer um desfile do bloco
na Índia. A idéia rende algumas cenas belíssimas, mas,
em alguns momentos, lembra demais o extinto programa "Brasil Legal", de Regina Casé, com o espírito de armar uma situação e ver o que vai acontecer.
Uma ótima cena mostra os indianos e os baianos -liderados por Gil- vendo-se incapazes de alguma comunicação verbal e fazendo contato por meio da troca
de instrumentos musicais. Em alguns minutos começam a testá-los e depois tocam juntos.
O momento "Brasil Legal" é a tentativa de registrar
como reagem os indianos ao ver Antônio, o sósia de
Gandhi. Quando o homem é entrevistado, mostra, de
forma constrangedora, que, mesmo depois de passar
cerca de duas décadas desfilando como o líder pacifista,
nunca se importou em aprender algo sobre ele.
Texto Anterior: Veja esta canção: Stones fazem autoparódia involuntária Próximo Texto: Folia da fama: Artistas tiram dez no quesito exibição Índice
|