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TRANSPORTES
Multas somam R$ 1,4 milhão em cinco meses; objetivo é extinguir atividade em dois anos
Multa vira estratégia contra perueiros
CRISTINA LIMA MARTINS
free-lance para a Folha Vale
A Prefeitura de São José dos
Campos está intensificando a
aplicação de multas para forçar os
perueiros a saírem das ruas.
Com perueiros devendo até R$
26 mil em multas, a prefeitura
pretende ainda tornar inviável o
licenciamento dos veículos, que
só pode ser feito mediante o pagamento das taxas.
Hoje, os perueiros devem cerca
de R$ 1,4 milhão à Secretaria dos
Transportes.
O valor é referente às penas aplicadas nos últimos cinco meses
por transporte irregular de passageiros e parada em local proibido
com objetivo de embarque e desembarque, no caso, os pontos de
ônibus.
Cada vez que um dos cerca de
300 perueiros clandestinos estaciona para pegar ou deixar passageiros e é flagrado pelos fiscais da
secretaria leva duas multas, que
juntas somam R$ 170.
O secretário municipal dos
Transportes, Eduardo Cury, acredita que a estratégia pode extinguir a atividade em no máximo
dois anos.
"Vamos utilizar todos os mecanismos legais para coibir a atuação dos perueiros", afirmou o secretário.
Recursos
Mesmo com o peso das multas,
muitos perueiros têm conseguido
licenciar os veículos.
De acordo com o diretor da 77ª
Ciretran (Circunscrição Regional
de Trânsito) de São José, delegado
Roberto Freire, os motoristas entram com recurso para anular as
multas na Jari (Junta Administrativa de Recursos de Infração) à
época do licenciamento e acabam
sendo beneficiados pela morosidade no julgamento.
"A Jari tem 30 dias para julgar
os recursos, mas dificilmente consegue cumprir o prazo. Dessa forma, a Secretaria dos Transportes
fica obrigada a conceder um efeito suspensivo das multas para que
os perueiros possam licenciar
seus carros."
Cury nega que isso aconteça.
"Só consegue o efeito suspensivo
o motorista que levou multas entre 45 e 75 dias antes do licenciamento. Fora desse período, não
cabe recurso."
O presidente da 2ª Jari, advogado Aldo Zonzini Filho, diz que cada recurso demora em média 60
dias para ser julgado.
Cerca de mil recursos são julgados por mês em cada uma das três
Jaris.
Sob suspeita
A Folha forneceu à 77ª Ciretran
quatro placas de peruas e vans
que circulam clandestinamente
na cidade, escolhidas aleatoriamente, para que fossem verificadas as suas situações.
O diretor do órgão analisou as
placas no sistema e informou que
os veículos não foram licenciados
em 99.
O delegado Roberto Freire afirmou ainda que os proprietários
de pelo menos três peruas e vans
estão sob suspeita de falsificação
de autenticação mecânica nos canhotos das multas, acusando o
pagamento.
Os casos estão sendo investigados em processos administrativos
na Ciretran.
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