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Nacionalização não irá baratear os carros

Montadoras alegam que custos para produzir no país são altos, e que preços praticados aqui já são competitivos

Com fabricação local, o veículos deixariam de sofrer com a carência de peças e passariam a adotar motores flex

RICARDO RIBEIRO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

"O Brasil é um mercado estratégico para a nossa empresa." A frase é repetida quase como um mantra por executivos de grandes montadoras.

Com a venda de veículos em queda na Europa e a receptividade da economia brasileira, os fabricantes globais se preparam para intensificar sua atuação no país -vários importadores estão erguendo fábricas por aqui com o objetivo de nacionalizar seus modelos mais populares.

Entre eles estão as chinesas JAC Motors e a Chery, e a sul-coreana Hyundai (veja mais no quadro acima).

As recentes medidas promovidas pelo governo, que elevaram os impostos de carros estrangeiros para até 55%, catalisam essa tendência.

A Folha consultou especialistas para saber até que ponto a nacionalização trará vantagens ao consumidor.

Com relação aos preços, a maioria acredita que a "tropicalização" não irá baratear os automóveis que passarão a ser produzidos aqui, porque a maioria já é comercializada a preço competitivo.

A principal explicação para esse fenômeno é creditada ao alto custo de produção local. Estudo da consultoria PwC feito em 2011 e patrocinado pela Anfavea (associação dos fabricantes) revelou que fabricar um carro no Brasil sai 60% mais caro do que um confeccionado na China, onde a mão de obra é farta.

A nacionalização, no entanto, desonera o produto de impostos e o livra do frete internacional, que exige logística sofisticada (e cara).

"E, mesmo que haja alguma redução [de custos], será preciso cobrir os investimentos na construção da fábrica", diz Luís Curi, vice-presidente da Chery. A marca está construindo uma linha em Jacareí, no interior do Estado.

Para José Carporal, da Megadealer, consultoria especializada no mercado automotivo, a chegada de novos fabricantes deve estimular a concorrência no setor.

Com produção local, o veículo tende ainda a deixar de sofrer com a carência de peças de reposição. Outra benesse é que ele passa a incorporar tecnologias regionais, como o motor flex.

LUCROS

Apesar de os fabricantes afirmarem que o preço elevado dos carros feitos no país deve-se ao alto custo de produção e impostos, no ano passado, a indústria alcançou recorde histórico de lucros e dividendos remetidos ao exterior. Segundo balanço do Banco Central, em 2011 foram enviados US$ 5,58 bilhões -36,1% a mais que no ano anterior.

O governo avalia a possibilidade de cobrar reduções mais agressivas de preços, sobretudo quando houver incentivos como o anunciado em maio, que reduziu o IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados). Por lei, companhias de capital fechado, a maioria do setor, não são obrigadas a divulgar balancetes.

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