São Paulo, domingo, 01 de novembro de 2009

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Renault dos anos 30 era luxuosa; hoje é "pop"

Exposição em SP reúne fotos do francês Robert Doisneau; montadora agora investe em mercado de massa

RICARDO RIBEIRO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Quem percorre os corredores da exposição "A Renault de Doisneau", aberta na semana passada, em São Paulo, pode não perceber a semelhança entre o início da carreira do fotógrafo francês e a trajetória recente da montadora no Brasil.
Duas décadas antes de fotografar o beijo mais famoso de Paris, Robert Doisneau trabalhou para a Renault nos anos 30 e 40, escolhido para duas tarefas: documentar a vida na fábrica e fazer as fotos publicitárias.
Com pouca experiência em fotografia e quase nenhuma na indústria automobilística, o jovem de 22 anos mergulha neste mundo lentamente.
"No começo, ele era tímido e chamava os operários de senhores. Conforme foi se acostumando, as fotos foram ficando mais realistas", conta Ann Hindry, curadora da exposição.
Doisneau consegue captar gestos e expressões em cada aspecto do cotidiano na fábrica, percorrendo toda a linha de montagem, os refeitórios e até os vestiários.
"As duas palavras que definem bem o trabalho de Doisneau são humanismo e ternura. Seu propósito não é tirar uma foto, mas propor uma reflexão, na qual a emoção tem seu lugar", avalia Hindry.

Devagar como Doisneau
Diante da história da matriz sob o olhar de Doisneau, o vice-presidente da Renault, Allan Tssier, descreve a chegada da marca no Brasil de maneira semelhante ao início inocente do próprio fotógrafo.
"Chegamos, nos instalamos, fizemos besteiras, corrigimos, nos adaptamos, e, agora, estamos começando a entender o mercado brasileiro. É uma tarefa bem difícil", avalia Tssier.
A estratégia para o futuro, porém, é diferente do passado imortalizado por Doisneau. Os carros de luxo captados com elegância e ironia estão fora da publicidade atual da marca.
"Não tenho dúvidas de que nosso caminho para o futuro é ser uma marca de carros populares. Só assim ampliaremos nossa participação", prevê.


A RENAULT DE DOISNEAU
Centro Cultural Fiesp (avenida Paulista, 1.313, Cerqueira César, zona oeste), até o dia 6/12, das 10h às 20h; entrada gratuita


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