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Renault dos anos 30 era luxuosa; hoje é "pop"
Exposição em SP reúne fotos do francês Robert Doisneau; montadora agora investe em mercado de massa
RICARDO RIBEIRO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Quem percorre os corredores da exposição "A Renault de
Doisneau", aberta na semana
passada, em São Paulo, pode
não perceber a semelhança entre o início da carreira do fotógrafo francês e a trajetória recente da montadora no Brasil.
Duas décadas antes de fotografar o beijo mais famoso de
Paris, Robert Doisneau trabalhou para a Renault nos anos 30
e 40, escolhido para duas tarefas: documentar a vida na fábrica e fazer as fotos publicitárias.
Com pouca experiência em
fotografia e quase nenhuma na
indústria automobilística, o jovem de 22 anos mergulha neste
mundo lentamente.
"No começo, ele era tímido e
chamava os operários de senhores. Conforme foi se acostumando, as fotos foram ficando mais realistas", conta Ann
Hindry, curadora da exposição.
Doisneau consegue captar
gestos e expressões em cada aspecto do cotidiano na fábrica,
percorrendo toda a linha de
montagem, os refeitórios e até
os vestiários.
"As duas palavras que definem bem o trabalho de Doisneau são humanismo e ternura.
Seu propósito não é tirar uma
foto, mas propor uma reflexão,
na qual a emoção tem seu lugar", avalia Hindry.
Devagar como Doisneau
Diante da história da matriz
sob o olhar de Doisneau, o vice-presidente da Renault, Allan
Tssier, descreve a chegada da
marca no Brasil de maneira semelhante ao início inocente do
próprio fotógrafo.
"Chegamos, nos instalamos,
fizemos besteiras, corrigimos,
nos adaptamos, e, agora, estamos começando a entender o
mercado brasileiro. É uma tarefa bem difícil", avalia Tssier.
A estratégia para o futuro,
porém, é diferente do passado
imortalizado por Doisneau. Os
carros de luxo captados com
elegância e ironia estão fora da
publicidade atual da marca.
"Não tenho dúvidas de que
nosso caminho para o futuro é
ser uma marca de carros populares. Só assim ampliaremos
nossa participação", prevê.
A RENAULT DE DOISNEAU
Centro Cultural Fiesp (avenida
Paulista, 1.313, Cerqueira César,
zona oeste), até o dia 6/12, das 10h
às 20h; entrada gratuita
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