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SALÃO DE GENEBRA
Superesportivos fingem que crise mundial não existe
Velozes e beberrões, carros de até 2 milhões são expostos em meio ao pior cenário desde 1929
DO ENVIADO ESPECIAL A GENEBRA
"O melhor remédio para os
tempos ruins são produtos fortes. E Genebra mostrou que fez
o dever de casa." Assim, Dieter
Zetsche, presidente da Mercedes, encerrou seu discurso no
79º Salão de Genebra, a poucos
metros de um SLS AMG e de
um luxuoso Maybach Zeppelin.
Todos os esportivos a sua
volta escutaram e deram razão
ao executivo. Afinal, é um tanto
inusitado ver a indústria automotiva acreditar muito em carros caros, velozes e beberrões
em meio à pior crise econômica
desde a depressão de 1929.
Ou talvez seja melhor acreditar nesse tal dever de casa.
Ainda mais para os fabricantes
pequenos, que dependem, exclusivamente, de parcerias com
grandes fornecedores.
A suíça Rinspeed é uma delas. "Crise, que crise?", indaga,
em tom de ironia, Frank Rinderknecht, fundador e presidente da empresa, em entrevista exclusiva à Folha.
"Acho que temos duas opções: ou lutamos decentemente ou vamos acabar com tudo",
opina Rinderknecht. "Não temos dinheiro para gastar com
bobagens", completa.
Palavras de um engenheiro
suíço que ganhou a vida modificando Porsches e os vendendo por uma fortuna na Europa.
Para ele, "jogar limpo" é
apostar em tecnologias realmente renováveis, como a eletricidade. Daí o iChange, um
protótipo elétrico que se molda
à carga do carro -leva um, dois
ou três passageiros.
O nome é em alusão ao iPod,
da Apple, e ao lema da campanha de Barack Obama.
Mas, no salão, parece que os
esportivos não levaram muita
fé no atual presidente dos EUA.
Mostraram que continuam
gostando de grandes motores,
alto consumo de combustível e
potência de sobra.
Super Veloce
Um exemplo é o Porsche 911
GT3. Aspirado, mantém o
motor de seis cilindros contrapostos e agora gera 440 cv, suficientes para levá-lo a 100 km/h
em apenas 4s e atingir 310 km/
h de velocidade máxima,
segundo a fabricante.
Por incrível que pareça, há
vários esportivos mais rápidos
que o GT3 em Genebra. A Lamborghini Murciélago LP670-4
Super Veloce, por exemplo, usa
motor 6.5 V10 (dez cilindros
em "V') de 670 cv e, pasmem, vai
a 100 km/h em cerca de 3s. O
preço? Aproximadamente
400 mil (R$ 1,2 milhão).
Daí para cima, ainda há a
Ferrari 599 XX, o Aston Martin
V12 Vantage, a BMW Alpina B7
biturbo, o Gumpert Apollo
Speed, o Pagani Zonda R e mais
uma dúzia de esportivos que
parecem nunca ter ouvido a palavra crise.
(FABIANO SEVERO)
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