LUÍS PEREZ
enviado especial à Suíça e à França

A piada já circula por aí: dizem que a Fiat pode trazer ao Brasil a van Multipla para concorrer com a Citroën Berlingo -para saber qual é a mais feia. Maldade à parte, há mais mentira do que verdade na afirmação.
Em primeiro lugar, porque, apesar do dólar mais bem-comportado, dificilmente a fábrica italiana trará o carro. Em segundo, porque a van inova em estilo, concepção, funcionalidade e versatilidade.
A Multipla faz jus ao nome -há múltiplas soluções de aproveitamento de espaço.
Conforto e dirigibilidade são outros pontos altos do modelo, avaliado pela Folha em Genebra (Suíça) e em estradas francesas. A versão é equipada com motor 1.6 16V -103 cv de potência a 5.750 rpm.
Compacto -tem 3,99 m de comprimento, sendo menor que outros médios da Fiat-, o carro acomoda muito bem seis pessoas em assentos individuais. Os bancos traseiros têm duas possibilidades de fixação -para aumentar a capacidade do bagageiro.
Se preferir, é possível escolher um console equipado com vários porta-objetos e uma geladeira de 18 litros (suficiente para guardar até três garrafas de 1,5 litro).
Os bancos centrais também podem virar um porta-objetos muito útil. Uma das soluções mais inusitadas foi a colocação da alavanca de câmbio no painel -para "liberar" espaço na frente.
O painel parece um videogame. Segundo a fábrica, os instrumentos foram dispostos levando em conta a frequência com que são usados e a melhor distância para ser mais bem visualizados.
Outra solução criativa foi dispor o freio de mão do lado esquerdo do condutor -junto à porta, diferentemente da forma como o motorista brasileiro está acostumado (no meio dos bancos).

Design inusitado
Por fora, o carro desperta, no mínimo, polêmica. A começar por chamá-lo de van -há quem discuta o conceito pelo simples fato de o motor ser saliente.
Os faróis altos são, de fato, elevados -ou seja, dispostos quase junto aos retrovisores, espelhos que, aliás, podem ser recolhidos a partir do acionamento de um comando interno. Boa solução para garagens estreitas. Na Itália, o carro custa US$ 16.600.
"Diga à Fiat que a frente é muito feia", recomendou um motorista que abordou a reportagem pelas ruas de Genebra.
A abordagem tem suas razões. Não houve o mínimo esforço de fazer um carro discreto -a unidade avaliada foi uma verde, até sisuda da gama de 13 cores disponíveis.
Mas há ainda outros "defeitos". Por exemplo: os vidros não abrem por completo. Mesmo os da frente vão só até dois terços.
Confortável, é uma pena que a Multipla não possa vir para o Brasil ao menos como táxi, pois o carro foi uma das atrações do último Salão do Automóvel de São Paulo.
Há o estilo Fiat em cada detalhe -da chave ao formato do volante, do tecido que reveste o painel ao design italiano, inconfundível.


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