São Paulo, domingo, 13 de maio de 2007

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peças & acessórios

Pneu para asfalto estraga "aventureiros"

Direção e suspensão podem ser afetadas caso o motorista não use pneu misto original; garantia acaba

DA REPORTAGEM LOCAL

Desde que a Fiat criou o segmento de carros de passeio com aparência fora-de-estrada, com a Palio Adventure em 1999, os donos desses carros "maquiados" reclamam do comportamento dos pneus de uso misto no asfalto.
Com novas opções, como a Peugeot 206 Escapade e as Fiat Doblò e Idea Adventure, mais proprietários têm trocado esses pneus pelos de uso exclusivo em asfalto. Isso, segundo especialistas, pode interferir na dirigibilidade e danificar a suspensão do carro.
"Coloquei o pneu para asfalto por ser mais barato, além de sentir que o misto, sem rodar na terra, gasta rápido", diz o publicitário Gustavo Reis, 29, dono de uma Palio Adventure.
O taxista Osvaldo Rodrigues, 49, trocou os quatro pneus de sua Doblò. "Ela está com 200 mil quilômetros e no terceiro jogo de pneus para asfalto."
Na primeira troca do jogo, em 2005, ele cotou os preços de pneus mistos. "Cada um custava cerca de R$ 500. Paguei a metade pelo para asfalto."
Em média, um pneu misto na medida 205/70 R15 (como o da Doblò), custa R$ 470, contra R$ 330 do só para asfalto. Já o da Palio (175/80 R14) sai por R$ 280, R$ 80 a mais. É como se, trocando o jogo, o consumidor economizasse um pneu novo.
Leandro Silva, gerente de produtos de pneus para automóveis da Goodyear, explica que essa é uma falsa economia.
"A suspensão desses carros, mais rígida e preparada para o "off-road", transfere parte do amortecimento para o pneu. Se ele é só para asfalto, tem material mais macio e se torna vulnerável a cortes no costado [na lateral] e na banda de rodagem [parte de atrito com o solo]."
Além disso, Silva diz que o pneu para asfalto utilizado em carros aventureiros tem vida útil ainda menor do que os mistos usados só longe da terra.

O outro lado
Efeito contrário -mas também nocivo- acontece quando os motoristas de carros "urbanos" usam pneus mistos.
"Nesse caso, o que sofre é a suspensão, macia e feita para absorver todo o impacto do pneu misto, que é duro", diz Renato Pinto da Silva, gerente de marketing de produto da Michelin para a América do Sul.
Ele explica que, em geral, esses pneus têm diâmetro maior. "Se essa diferença for maior do que 3%, poderá interferir na relação de marchas e até no consumo de combustível."
Nos dois casos, os fabricantes de pneus negam a garantia por mau uso, diz Renato Marques, técnico da Pirelli. "Pneus para asfalto em carros com aparência fora-de-estrada apresentam marcas de "queimadura" na lateral, pois sofrem com impactos e com excesso de carga."
Segundo Marques, a situação piorou quando saiu de linha o P3000, usado no Volkswagen Golf e com medida igual ao da Palio Adventure. Os motoristas migraram para pneus de outra medida, o que é ainda pior.
Todos são unânimes em dizer que o segmento dos carros aventureiros não demanda pneus de uso 100% para terra, como o de picapes médias.
"Ninguém fabrica pneus só para terra para carros de passeio. O consumidor só quer o apelo "off-road", e não a aptidão. O sucesso do Volkswagen CrossFox e do Ford EcoSport, que têm pneus para asfalto, comprova", lembra o gerente da Michelin. (FABIANO SEVERO)


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