|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
peças & acessórios
Pneu para asfalto estraga "aventureiros"
Direção e suspensão podem ser afetadas caso o motorista não use pneu misto original; garantia acaba
DA REPORTAGEM LOCAL
Desde que a Fiat criou o segmento de carros de passeio
com aparência fora-de-estrada,
com a Palio Adventure em
1999, os donos desses carros
"maquiados" reclamam do
comportamento dos pneus de
uso misto no asfalto.
Com novas opções, como a
Peugeot 206 Escapade e as Fiat
Doblò e Idea Adventure, mais
proprietários têm trocado esses pneus pelos de uso exclusivo em asfalto. Isso, segundo especialistas, pode interferir na
dirigibilidade e danificar a suspensão do carro.
"Coloquei o pneu para asfalto
por ser mais barato, além de
sentir que o misto, sem rodar
na terra, gasta rápido", diz o publicitário Gustavo Reis, 29, dono de uma Palio Adventure.
O taxista Osvaldo Rodrigues,
49, trocou os quatro pneus de
sua Doblò. "Ela está com 200
mil quilômetros e no terceiro
jogo de pneus para asfalto."
Na primeira troca do jogo,
em 2005, ele cotou os preços de
pneus mistos. "Cada um custava cerca de R$ 500. Paguei a
metade pelo para asfalto."
Em média, um pneu misto na
medida 205/70 R15 (como o da
Doblò), custa R$ 470, contra R$
330 do só para asfalto. Já o da
Palio (175/80 R14) sai por R$
280, R$ 80 a mais. É como se,
trocando o jogo, o consumidor
economizasse um pneu novo.
Leandro Silva, gerente de
produtos de pneus para automóveis da Goodyear, explica
que essa é uma falsa economia.
"A suspensão desses carros,
mais rígida e preparada para o
"off-road", transfere parte do
amortecimento para o pneu. Se
ele é só para asfalto, tem material mais macio e se torna vulnerável a cortes no costado [na
lateral] e na banda de rodagem
[parte de atrito com o solo]."
Além disso, Silva diz que o
pneu para asfalto utilizado em
carros aventureiros tem vida
útil ainda menor do que os mistos usados só longe da terra.
O outro lado
Efeito contrário -mas também nocivo- acontece quando
os motoristas de carros "urbanos" usam pneus mistos.
"Nesse caso, o que sofre é a
suspensão, macia e feita para
absorver todo o impacto do
pneu misto, que é duro", diz Renato Pinto da Silva, gerente de
marketing de produto da Michelin para a América do Sul.
Ele explica que, em geral, esses pneus têm diâmetro maior.
"Se essa diferença for maior do
que 3%, poderá interferir na relação de marchas e até no consumo de combustível."
Nos dois casos, os fabricantes
de pneus negam a garantia por
mau uso, diz Renato Marques,
técnico da Pirelli. "Pneus para
asfalto em carros com aparência fora-de-estrada apresentam
marcas de "queimadura" na lateral, pois sofrem com impactos e com excesso de carga."
Segundo Marques, a situação
piorou quando saiu de linha o
P3000, usado no Volkswagen
Golf e com medida igual ao da
Palio Adventure. Os motoristas
migraram para pneus de outra
medida, o que é ainda pior.
Todos são unânimes em dizer que o segmento dos carros
aventureiros não demanda
pneus de uso 100% para terra,
como o de picapes médias.
"Ninguém fabrica pneus só
para terra para carros de passeio. O consumidor só quer o
apelo "off-road", e não a aptidão.
O sucesso do Volkswagen
CrossFox e do Ford EcoSport,
que têm pneus para asfalto,
comprova", lembra o gerente
da Michelin.
(FABIANO SEVERO)
Texto Anterior: Esguia e leve, CBR600RR fica mais potente Próximo Texto: Conheça os pneus Índice
|