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Carros feios mostram que beleza não é tudo
Tiida Sedan, 207, Agile e Actyon são mais baratos que rivais e vendem bem
Para diminuir custo de produção, montadoras alteram projeto de designers, mas nem sempre fica harmonioso
FELIPE NÓBREGA
DE SÃO PAULO
"As muito feias que me
perdoem, mas beleza é fundamental", dizia o poeta Vinícius de Morais.
A frase serviria para os automóveis, mas alguns, com
design polêmico, podem ter
mais pontos positivos do que
se imagina.
A Folha convidou três designer de automóveis para
analisar o Nissan Tiida Sedan, o SsangYong Actyon, o
Peugeot 207 Passion e o Chevrolet Agile.
Em comum, os quatro têm
desenhos "inusitados", como definem os designers, e
derivam de outros carros da
mesma família. Além disso,
apresentam vendas crescentes nos seus segmentos.
Com 6.405 emplacamentos em novembro, o Agile,
por exemplo, consolidou-se
como o hatch não popular
mais comercializado do país.
Para Mario Furtado, gerente de marketing da Nissan,
quando o desenho não favorece é preciso compensar
com uma relação custo-benefício mais atrativa.
Esse, aliás, é o trunfo do
Tiida Sedan, que teve a importação subdimensionada
em 270 carros por mês e já
tem fila. O mexicano de
traseira insossa é o único, por
R$ 44,5 mil, a oferecer motor
1.8 e espaço para pernas e bagagem de cinco ocupantes.
Para Fabio Ferrero, coordenador do curso de design
da mobilidade da Faap, deslizes estéticos nem sempre
são culpa dos projetistas.
DESENGONÇADO
"Montadoras permitem
que até o departamento de finanças influencie no visual
do veículo para reduzir custos e adaptar mecanismos."
Uma incoerência porque
essa economia, depois, não
compensa. Os carros sem
apelo visual têm mais desconto, caso do 207 Passion.
O compacto nasceu como
um belo hatch, porém virou
um sedã desengonçado após
enxertarem um porta-malas
de 420 litros -70% maior do
que o original para atrair
consumidores emergentes.
Já o Agile é um projeto nacional que, inicialmente, seria um "crossover" acessível.
Foi até mostrado no salão
de 2008 como GPix. O conceito fez sucesso, mas a crise e a
falência da GM alteraram as
formas: o Agile perdeu volume -e as proporções.
"Parece que o carro pede
uma versão aventureira",
analisa o professor de design
Sandro Ferraz, do Centro
Universitário Belas Artes.
Apesar de bem equipado,
o GM só melhora a aparência
com kit aerodinâmico, rodas
de aro 16 e faróis escuros. Aí o
preço sobe quase R$ 5.000.
Nissan, Peugeot e GM cederam seus
respectivos carros para teste
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