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Há 20 anos, Gol GTi inaugurava injeção
Histórias curiosas rondam VW, que hoje custaria R$ 149,1 mil, quase foi a álcool e "roubou" aerofólio do GTS
FABIANO SEVERO
DA REPORTAGEM LOCAL
Quando o primeiro Volkswagen Gol GTi chegou às ruas, em
dezembro de 1988, o administrador Maurício R., 36, estava
longe de completar 18 anos.
Via o carro passando na rua e
ficava "babando". "Alimentei o
sonho de ter um durante anos."
Anos mesmo. Maurício só conseguiu comprar o seu GTi da
primeira geração no ano passado, depois de "namorar" muito
um Gol à venda pela internet.
Ele conta que nunca teve
problemas com a injeção eletrônica. "Mas ouvi uma história
de que, na época, o GTi "apagava" ao sofrer interferência das
antenas da avenida Paulista."
O GTi, aliás, é rodeado de histórias curiosas. Marcelo Brandão, gerente de calibração de
injeção da Bosch, que fornecia
o sistema LE-Jetronic para a
VW, diz que, nos testes, sempre
levava vários módulos de injeção e bombas de combustível
reservas no porta-luvas de um
Santana, o primeiro protótipo a
receber o motor 2.0 "injetado".
"No início, não sabíamos como consertar o carro. Foi um
trabalho duro para disseminar
a cultura da injeção", lembra.
Tudo por conta da gasolina que
leva álcool na composição.
Falando em álcool, Brandão
conta que o projeto da Volks
era lançar o GTi a álcool em seguida. "O motor estava prontinho. Mas, em 1991, houve uma
crise de abastecimento de álcool no país, e a Volks decidiu
manter o GTi a gasolina."
Isso numa época em que a
frota de carro a álcool chegava a
quase 90%. Já em 1990, o protótipo despejava quase 130 cv
(cavalos), contra os 120 cv do
motor a gasolina que foi lançado em dezembro de 1988.
Todos esses detalhes da engenharia experimental -além
de alterações de estilo e de conteúdo- mudavam o preço final
do carro pré-lançamento.
Segundo Ngan Wai Hung,
que, em 1988, era especialista
de planejamento de produto da
Autolatina -a fusão com a
Ford ocorrera no ano anterior-, a intenção era criar um
carro esportivo bem diferente
do Gol GTS, do qual derivava.
Dois tons
Assim, havia quatro opções
de GTi à disposição da diretoria, num relatório que as montadoras chamam de "Product
Letter" (Carta de Produto).
O mais barato custaria, na
época, o equivalente a US$ 19,5
mil -hoje, cerca de R$ 140,5
mil, segundo cálculos da FGV
(Fundação Getulio Vargas).
Sua previsão anual de vendas
era de 2.000 unidades.
O mais caro sairia por US$
23,2 mil (atualizado, R$ 167,2
mil), mas seriam feitas 1.200
unidades por ano.
A VW optou pela versão de
US$ 20,7 mil (R$ 149,1 mil).
Suas 1.740 unidades/ano tinham motor 2.0 "injetado", rodas de alumínio de aro 14, bancos Recaro, faróis de milha e de
neblina, lanterna fumê e pintura em duas cores: azul e cinza.
"O [departamento de] design
havia projetado um aerofólio
traseiro exclusivo para o GTi,
mas, na hora do lançamento, tivemos problemas com o fornecedor e usamos o do GTS mesmo, só que pintado na cor do
carro", lembra Ngan.
Sucesso fez a antena no teto.
Mas, dentro da VW, foi motivo
de polêmica. Onde deveria ficar? "Por questões estéticas, ficou onde não deveria [atrás].
Lá o cabo da antena atravessava
todo o teto e prejudicava a recepção do sinal", diz Ngan.
Agora, a marca prepara um
novo Gol GTi, que deverá estrear o motor 1.4 turbo (155 cv).
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