São Paulo, domingo, 16 de janeiro de 2011

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Nomes "criativos" causam estranheza

Montadoras derrapam no excesso de originalidade ao batizar seus modelos que circulam em diferentes países

Na busca por nomes chamativos, marcas chegam a resultados inusitados, como Tiida, Chana, Picanto e Logan

RICARDO RIBEIRO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Conforme aumenta o número de modelos de carros, fica tão difícil batizá-los que às vezes a criatividade leva a palavras para lá de originais.
"Em geral são escolhidos nomes que reflitam a imagem do veículo ou o que se quer transmitir com ele", explica Mário Furtado, gerente de design da Nissan, de onde saíram Tiida e Livina.
Nem sempre a mensagem causa boa impressão -vide a estranheza gerada por nomes como Picanto, Chana e Hoggar (confira, no quadro ao lado, o que significam).
Com carros globais, as montadoras procuram nomes de carros que possam usar em vários países.
"As marcas pesquisam se o nome não tem conotação negativa em algum país e cada mercado faz sua adaptação", explica Alex Periscinoto, ex-publicitário da Volkswagen e especialista em propaganda de carros.
Alguns fabricantes recorrem a pesquisas com clientes ou até mesmo a programas de computador que selecionam letras aleatoriamente -método usado para batizar o Jetta e o Sandero.

TRADUÇÕES PERIGOSAS
A Nissan resolveu rebatizar de March o hatch que trará ao Brasil em março. Na Europa, ele chama Micra.
"O nome é bom lá, onde buscam um compacto. Já o brasileiro compra porque é o que ele pode pagar, mas não quer a imagem de "micro'", avalia Furtado.
Já a Mitsubishi vende o Pajero como Montero nos mercados onde se fala espanhol, porque "pajero", nesse idioma, define uma pessoa que curte o onanismo.
Antes de batizar um modelo, especialistas em marketing recomendam evitar nomes compostos e buscar expressão fácil de memorizar.
Para o professor Valdner Papa, da ESPM (Escola Superior de Propaganda e Marketing), os nomes influenciam diretamente na venda.
"Antes eles mudavam a cada novo produto, mas agora são mantidos, o que vincula uma imagem positiva na cabeça do consumidor", avalia Papa. "Já os nomes novos têm a definição ligada ao design e ao perfil de consumidor que se pretende atingir."
Gol e Uno mantiveram os nomes mesmo após mudanças drásticas de visual.
Marcas "premium", como Audi, BMW e Mercedes, não se comprometem: nomeiam modelos com números. "Consagradas, investem no nome da marca", diz Papa.


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