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FRANKFURT ECOLÓGICO
Responsável por desenho da BMW diz que X6 causou impacto por ser diferente e confirma M3 conversível
"Consumidor não sabe ao certo o que o atrai"
DO ENVIADO ESPECIAL A FRANKFURT
Poucos designers de automóveis são tão amados (e odiados)
quanto Christopher Bangle.
Chefe do departamento de estilo do grupo BMW, Bangle foi o
responsável pela guinada estética da marca, que se tornou
mais esportiva, do Série 1 ao 7.
"Muitos gostaram. Outros,
não. Não dá para agradar a todos", lamenta Bangle, que falou
com exclusividade à Folha sobre os protótipos CS e X6, os
esportivos Série 1 Coupé e M3.
Nem a Lexus escapou.
(FS)
FOLHA - Como nasce um conceito?
BANGLE - Antes de começar o
desenho de um carro, fazemos
pesquisas de mercado para descobrir o que os consumidores
gostariam. A dificuldade é que
muitos não sabem ao certo que
estilo os atrai mais. Por isso o
X6 causou tanto impacto.
FOLHA - Por que o design alemão
dura tanto tempo?
BANGLE - O design da BMW é
feito para durar entre cinco e
sete anos. Além do refinamento
das linhas, o consumidor "premium" não é tão influenciado
por mudanças anuais.
FOLHA - O CS nasceu pelo sucesso
do Mercedes-Benz CLS, que adota o
conceito de cupê de quatro portas?
BANGLE - Na verdade, não foi a
Mercedes-Benz que criou o cupê quatro portas. O conceito
nasceu em 1981 na Seat. Eles
[Mercedes] apenas usaram a
idéia dos espanhóis para construir um carro moderno.
FOLHA - Se fosse lançado, o CS seria
concorrente do CLS?
BANGLE - Não, estaria acima. O
CS tem tudo o que há de melhor
em tecnologia e design.
FOLHA - E quando ele começará a
ser produzido?
BANGLE - A BMW não divulgou
nenhum comunicado decidindo a produção do CS. Antes de
lançar um carro, a empresa deve analisar muitos fatores, que,
em geral, vão além do design e
da tecnologia. Devemos nos
perguntar quais são as nossas
prioridades. É preciso analisar
o contexto e a situação, e o CS,
hoje, não é nossa prioridade.
FOLHA - A prioridade é o X6?
BANGLE - O X6 também deve
ser analisado com cuidado. Planejamos produzi-lo em breve,
mas ele ainda é só um conceito.
Muitas coisas vão mudar nos
próximos dois anos.
FOLHA - É verdade que o Série 1
Coupé nasceu após muitas reclamações de clientes que achavam que o
Série 3 havia crescido demais nos últimos anos, perdendo agilidade?
BANGLE - Você, meu amigo,
provavelmente é maior que seu
pai e nem por isso é melhor ou
pior que ele. O Série 3 cresceu
em relação às gerações anteriores, mas ainda continua sendo
menor que o [Mercedes-Benz]
Classe C e o [Audi] A4. E todos
cresceram para melhorar o
conforto e a segurança.
FOLHA - E a repercussão do M3?
BANGLE - O M3 é fantástico. Ele
seguirá como líder.
FOLHA - Quando virá o cabriolet?
BANGLE - Não sabemos quando,
sempre lançamos o cupê antes.
O cabriolet anterior fez muito
sucesso. O novo também fará.
FOLHA - Quando? Em 2008?
BANGLE - Nunca se fala sobre
prazos com um designer [risos]. É a nossa maior tortura.
FOLHA - O sr. gosta da moda retrô?
BANGLE - Não é uma questão de
gostar ou não. O "revival" só
acontece se há demanda. A GM
[com o Chevrolet Camaro] e a
Ford [com o Mustang] perceberam que poderiam explorar
esse segmento. Um produtor
de teatro só volta a encenar
Shakespeare se os espectadores quiserem assisti-lo. E até
hoje Shakespeare lota teatros.
FOLHA - É o caso do Mini, uma das
marcas do grupo BMW?
BANGLE - Exatamente. O problema é que, muitas vezes, não
sabemos a força de um design
antigo. O Z8, por exemplo, não
se manteve por tanto tempo.
FOLHA - E a BMW, ela planeja construir carros com ares nostálgicos?
BANGLE - Definitivamente, não.
A BMW vive do futuro.
FOLHA - Alguns dizem que o novo
Classe C usa muito do design do Série 3. O sr. concorda?
BANGLE - Em parte. Acho que a
Mercedes e a Audi sempre foram mais conservadoras, enquanto a BMW buscava a esportividade das linhas. Talvez
agora estejam tentando mudar
a filosofia de design.
FOLHA - As japonesas, como a Lexus, copiam o design alemão?
BANGLE - As companhias japonesas estão entre as melhores
do mundo. Design é como uma
corrida de carros: não devemos
olhar o tempo todo para trás, e
sim para a próxima curva, o
próximo desafio. Sobre os outros, não comentamos.
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