São Paulo, domingo, 16 de setembro de 2007

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FRANKFURT ECOLÓGICO

Responsável por desenho da BMW diz que X6 causou impacto por ser diferente e confirma M3 conversível

"Consumidor não sabe ao certo o que o atrai"

DO ENVIADO ESPECIAL A FRANKFURT

Poucos designers de automóveis são tão amados (e odiados) quanto Christopher Bangle. Chefe do departamento de estilo do grupo BMW, Bangle foi o responsável pela guinada estética da marca, que se tornou mais esportiva, do Série 1 ao 7.
"Muitos gostaram. Outros, não. Não dá para agradar a todos", lamenta Bangle, que falou com exclusividade à Folha sobre os protótipos CS e X6, os esportivos Série 1 Coupé e M3. Nem a Lexus escapou. (FS)  

FOLHA - Como nasce um conceito?
BANGLE
- Antes de começar o desenho de um carro, fazemos pesquisas de mercado para descobrir o que os consumidores gostariam. A dificuldade é que muitos não sabem ao certo que estilo os atrai mais. Por isso o X6 causou tanto impacto.

FOLHA - Por que o design alemão dura tanto tempo?
BANGLE
- O design da BMW é feito para durar entre cinco e sete anos. Além do refinamento das linhas, o consumidor "premium" não é tão influenciado por mudanças anuais.

FOLHA - O CS nasceu pelo sucesso do Mercedes-Benz CLS, que adota o conceito de cupê de quatro portas?
BANGLE
- Na verdade, não foi a Mercedes-Benz que criou o cupê quatro portas. O conceito nasceu em 1981 na Seat. Eles [Mercedes] apenas usaram a idéia dos espanhóis para construir um carro moderno.

FOLHA - Se fosse lançado, o CS seria concorrente do CLS?
BANGLE
- Não, estaria acima. O CS tem tudo o que há de melhor em tecnologia e design.

FOLHA - E quando ele começará a ser produzido?
BANGLE
- A BMW não divulgou nenhum comunicado decidindo a produção do CS. Antes de lançar um carro, a empresa deve analisar muitos fatores, que, em geral, vão além do design e da tecnologia. Devemos nos perguntar quais são as nossas prioridades. É preciso analisar o contexto e a situação, e o CS, hoje, não é nossa prioridade.

FOLHA - A prioridade é o X6?
BANGLE
- O X6 também deve ser analisado com cuidado. Planejamos produzi-lo em breve, mas ele ainda é só um conceito. Muitas coisas vão mudar nos próximos dois anos.

FOLHA - É verdade que o Série 1 Coupé nasceu após muitas reclamações de clientes que achavam que o Série 3 havia crescido demais nos últimos anos, perdendo agilidade?
BANGLE
- Você, meu amigo, provavelmente é maior que seu pai e nem por isso é melhor ou pior que ele. O Série 3 cresceu em relação às gerações anteriores, mas ainda continua sendo menor que o [Mercedes-Benz] Classe C e o [Audi] A4. E todos cresceram para melhorar o conforto e a segurança.

FOLHA - E a repercussão do M3?
BANGLE
- O M3 é fantástico. Ele seguirá como líder.

FOLHA - Quando virá o cabriolet?
BANGLE
- Não sabemos quando, sempre lançamos o cupê antes. O cabriolet anterior fez muito sucesso. O novo também fará.

FOLHA - Quando? Em 2008?
BANGLE
- Nunca se fala sobre prazos com um designer [risos]. É a nossa maior tortura.

FOLHA - O sr. gosta da moda retrô?
BANGLE
- Não é uma questão de gostar ou não. O "revival" só acontece se há demanda. A GM [com o Chevrolet Camaro] e a Ford [com o Mustang] perceberam que poderiam explorar esse segmento. Um produtor de teatro só volta a encenar Shakespeare se os espectadores quiserem assisti-lo. E até hoje Shakespeare lota teatros.

FOLHA - É o caso do Mini, uma das marcas do grupo BMW?
BANGLE
- Exatamente. O problema é que, muitas vezes, não sabemos a força de um design antigo. O Z8, por exemplo, não se manteve por tanto tempo.

FOLHA - E a BMW, ela planeja construir carros com ares nostálgicos?
BANGLE
- Definitivamente, não. A BMW vive do futuro.

FOLHA - Alguns dizem que o novo Classe C usa muito do design do Série 3. O sr. concorda?
BANGLE
- Em parte. Acho que a Mercedes e a Audi sempre foram mais conservadoras, enquanto a BMW buscava a esportividade das linhas. Talvez agora estejam tentando mudar a filosofia de design.

FOLHA - As japonesas, como a Lexus, copiam o design alemão?
BANGLE
- As companhias japonesas estão entre as melhores do mundo. Design é como uma corrida de carros: não devemos olhar o tempo todo para trás, e sim para a próxima curva, o próximo desafio. Sobre os outros, não comentamos.


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