Com eletrônica "off-road", Range Rover faz trilhas perderem a graça, mas, no asfalto, não é preciso em curvas

Com 2.700 kg, utilitário de luxo da Land Rover freia e "bebe" gasolina como um esportivo da década passada

FABIANO SEVERO
EDITOR-ASSISTENTE DE VEÍCULOS

Há um ano, a Land Rover fez o convite: "mergulhar" o Range Rover Vogue na lama nos arredores do castelo de Eastnor, na Inglaterra.
Quem olhava o tapete felpudo, a madeira no painel e o couro claro nos bancos mal poderia crer em tanta sujeira.
O Terrain Response, sistema de adaptação a cinco tipos de obstáculo (desde cascalho até neve), fazia tudo perder a graça. Ainda mais com o HDC (controle de declive). O Vogue descia pirambeiras freando sozinho, sem precisar tocar no pedal. E o comportamento na estrada?
Afinal, utilitários de R$ 400 mil costumam gostar mais de asfalto que de terra.
Um ano depois, o Vogue chega para um teste no Brasil. O motor 5.0 V8 Supercharged (compressor), que rugia agoniado nas trilhas inglesas, podia gritar nos 1.800 m da pista de Limeira (SP).
Com 510 cv, o Vogue acelera como poucos bólidos testados pelo Folha-Mauá. Ele crava 5,6s de 0 a 100 km/h, quase o tempo do BMW M3.
Perde para X5 e X6 M, mas não passa vergonha, principalmente nos testes de frenagem. Para um jipão com 5 metros e quase 2.700 kg, frear a 100 km/h em apenas 56 m é um feito.
Quando as curvas começam, a história muda. A suspensão a ar está longe de ser precisa como a do Porsche Cayenne S (R$ 379 mil).
A direção também não ajuda. É quase anestesiada em altas velocidades e nem o raro aquecimento de volante faz esquentar a relação entre homem e máquina.
Pouco importa. Por R$ 399 mil, talvez seja a melhor relação custo-benefício do segmento -se é que carros tão caros entram nesse mérito.