São Paulo, Domingo, 18 de Abril de 1999
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SEDÃ
Itens de alta tecnologia e detalhes requintados de acabamento perdem o brilho diante do desempenho do carro
Motor vence luxo no Lexus LS400

GUSTAVO HENRIQUE RUFFO
da Reportagem Local

Não há nada que 40,6 kgfm não deixem melhor. Esse é o torque (força) de um dos melhores carros à venda no país, o Lexus LS400, um gigante de luxo e conforto que prima por um detalhe que não faz parte de sua proposta principal: o motor.
No teste realizado pela Folha e pelo Instituto Mauá de Tecnologia, o LS400 mostrou que, apesar de ter quase duas toneladas de peso e cinco metros de comprimento, seu desempenho é muito bom.
O coração desse carro, um legítimo V8 (oito cilindros em "V"), pulsa escondido, carenado, de uma maneira tão suave e silenciosa que chega a decepcionar os amantes desse tipo de motor.
A 140 km/h, o carrão emite apenas 73 decibéis. Em marcha-lenta, o ruído é tão baixo que o decibelímetro não conseguiu medi-lo. O Instituto Mauá de Tecnologia adota 50 decibéis como o mínimo.
Carro ligado, o câmbio automático, fincado em um belíssimo painel de madeira, dá a impressão de que esse portento tem um comportamento lerdo. Doce engano.

7,94 segundos
O carro sai suavemente da imobilidade, mas a suavidade é o seu disfarce. Basta um pisão no acelerador para sentir a sua força.
O controle da velocidade é total. Em 7,94 segundos o carro já atingiu os 100 km/h. Sua velocidade final não é divulgada pela montadora, mas chega fácil aos 220 km/h, e o motor aparenta aguentar mais.
As retomadas de velocidade são ágeis. Nenhuma chega a entrar nos dois dígitos, descontando os centésimos. A mais lenta, de 40 km/h a 120 km/h, leva 8,9 segundos.
A proposta principal do carro acaba em segundo plano para quem ama a esportividade, mas não por esquecimento dos projetistas. O carro traz quase tudo aquilo que quem ama luxo deseja.
Seu desenho, bastante conservador e de linhas retas, chama menos a atenção do que seu porte avantajado. Quem não conhece um Lexus pergunta se ele é um Mercedes.
À noite, a pista é iluminada por seus faróis de xenônio, mais fortes que os com lâmpadas halógenas, as mais comuns atualmente, e com uma luz azulada característica.
O volante levanta para que o motorista saia do carro sem esbarrar nele, e há ajustes individuais de temperatura do condicionador de ar para motorista e passageiro.
Os comandos são fáceis de acessar, com exceção da regulagem dos espelhos retrovisores, que fica na vertical, pouco abaixo do painel.
O terceiro passageiro não é bem-vindo. Ele é prejudicado pelo túnel central do diferencial do carro, que divide as pernas, e pelo apoio de braço do banco traseiro.
Mas os dois passageiros para quem o carro foi projetado saem ganhando. Duas pessoas de 1,90 m, uma atrás da outra, conseguem viajar de pernas cruzadas.

Falhas
Mas há falhas no Lexus, como a falta de um temporizador -que permite usar comandos elétricos por algum tempo depois de desligar o carro- e de fechamento automático dos vidros quando ele é trancado. O Astra, quase dez vezes mais barato, oferece esse item.
O LS400 é muito baixo e raspa em qualquer obstáculo. A grande decepção é seu porta-malas, que comporta 480 litros, 20 litros a menos que o do Siena.
Custando R$ 195.586, o LS400 não vale tudo isso. Com o dólar a R$ 1,75, isso dá US$ 111.763, um preço duas vezes e meia maior que o praticado nos EUA (US$ 45.478).


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