São Paulo, domingo, 19 de agosto de 2007

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Valorizado entre usados, F430 é Fórmula 1 de rua

Apresentado em 2004 e ainda com fila de espera, modelo mais barato da Ferrari traz toda a tecnologia dos carros de competição para as ruas

Divulgação
O motor V8, posicionado entre os bancos e o eixo traseiro, gera 490 cv; o novo F430 Scuderia, que será apresentado em Frankfurt no mês que vem


EZRA DYER
DO "NEW YORK TIMES"

A Ferrari está numa encruzilhada. O F430, seu modelo de entrada, custa US$ 185 mil (R$ 348.170) -no Brasil, sai por R$ 1,35 milhão-, mas uma busca no eBay acha um usado por cerca de US$ 300 mil (R$ 565 mil).
A valorização incomum aparece por dois motivos. O primeiro: o F430 é um carro brilhante. E, talvez mais relevante, a Ferrari se recusa a produzir uma quantidade de carros novos que satisfaça a demanda.
Porque nada irrita mais os milionários do que dizer que não podem ter alguma coisa, a fila pelo F430 é como a dos brinquedos da Disney -quando faz a primeira curva e acha que está chegando, você descobre que a fila continua longa.
Dennis Liu, um dono de Ferrari de Boston, ainda aguarda seu F430: "Espero desde 2004. E estou sempre a nove meses da data de entrega". E ele é o presidente do Ferrari Club da região da Nova Inglaterra.
A Ferrari teve cerca de mil pedidos de Enzo, seu modelo topo de linha e vendido a US$ 650 mil desde 2002. A companhia, porém, manteve-se firme na decisão de fabricar 399 carros (e mais um para o papa).
Pela matemática, ela deixou de ganhar US$ 390 milhões em nome da exclusividade -e investiu na sua própria lenda.
"Não é um caso em que produzimos quantos carros queremos", diz Maurizio Parlato, presidente da Ferrari nos EUA. A fábrica de Maranello, na Itália, poderia produzir mais carros do que produz.
"Há uma mágica relação entre preço e volume", Parlato continua. "Temos uma inteligência de mercado muito sofisticada trabalhando para nós." E essa inteligência diz que a Ferrari precisa achar o crescimento em mercados "virgens".
"A Ferrari tem aumentado a capacidade de produção para mercados emergentes -China, Cingapura e Austrália-, mas mantém sua exclusividade."
É claro que pedidos demais e produção limitada só fazem sentido se a demanda está em primeiro plano. Com todo o barulho em torno do F430, é crível pensar que ele não atenda a todas as expectativas.

Fórmula 1
O F430 está num segmento em que números de performance são fundamentais, mas ele é mais do que um gerador de adrenalina. O desenho, por exemplo, faz crer que todas as decisões da Ferrari foram tomadas para que ele fosse o mais próximo de um bólido da F-1.
O motor 4.3 V8 (oito cilindros em "V") gera 490 cavalos e faz mais barulho do que qualquer outro veículo feito para as ruas. O propulsor é colocado atrás dos passageiros e antes do eixo traseiro, exatamente como num carro de corrida.
O câmbio seqüencial da F-1 dispensa o pedal da embreagem e dá ao motorista duas "borboletas" no volante. Os puristas podem escolher o câmbio manual de seis velocidades.
Em alguns esportivos, as afetações dos carros de competição parecem bobagem do departamento de marketing. No F430, aumentam o desempenho e a experiência de dirigir.
Sob alguns aspectos, o F430 é muito civilizado -caso do interior de couro e fibra de carbono-, mas a besta que vive nele está sempre pronta para acordar. Os 4s que leva até 100 km/ h parecem menores, porque tudo o que ele faz é dramático.
O sistema de exaustão tem flaps que contornam os abafadores, colocando o tradicional uivo do motor num megafone.
E é preciso agradecer ao volante. Quando você está estacionando um Ferrari violentamente vermelho de US$ 200 mil, o ideal é fazer uma única baliza, e não ficar indo para a frente e para trás por meia hora. Acredite, outras pessoas estão sempre assistindo ao F430.


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