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Consumidor entra na fila e paga ágio para ter novo Civic
Segundo Procon e Idec, clientes devem denunciar a concessionária que não cumprir prazo de entrega
DEISE DE OLIVEIRA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
A Honda ainda nem chegou
ao final da lista de espera do Civic a gasolina e já há consumidores na fila para comprar a
versão bicombustível, que começou a ser vendida na semana
passada. Hoje, o tempo entre a
compra e a entrega do carro é
de, em média, três meses.
Dependendo da versão de
acabamento, o ágio sobre o preço sugerido pela montadora pode chegar a R$ 7.000.
No início do mês, o empresário Jurandir de Oliveira Cardoso, 54, planejava comprar um
Civic topo de linha EXS até o
dia 20, quando sua mulher, Maria Aparecida, 57, fará aniversário. "Por R$ 85 mil, 9% a mais,
eles arrumam um, que dizem
ser desistência", diz Carvalho.
Segundo Márcia Christina
Oliveira, técnica da área de produtos do Procon (Fundação de
Proteção e Defesa do Consumidor), cobrar ágio sobre o preço
sugerido não é crime. "Ilegal é
cobrar qualquer valor por fora,
que não esteja no pedido. Esse
delito precisa ser registrado na
delegacia", afirma Oliveira.
A técnica diz ainda que, se
não tiver o produto, o fabricante não pode oferecê-lo, a menos
que informe se tratar de encomenda, com data para entrega.
É o caso do comerciante Leonardo Nunes Vieira, 31, que pagou R$ 2.000 acima do preço
sugerido pela montadora -que
é de R$ 61.745 para o LXS manual- e esperou 35 dias para
recebê-lo. "Quando queremos
muito uma coisa, pagamos. E as
lojas se aproveitam: vendem
pelo preço que querem."
Ressarcimento
O advogado Marcos Diegues,
do Idec (Instituto Brasileiro de
Defesa do Consumidor), alerta
que, depois do negócio fechado,
se o preço sofrer alteração, o
consumidor pode cobrar indenização, desfazer o negócio ou
pedir ressarcimento.
"Se não conseguir nada disso
com o fornecedor, deve procurar a Justiça. O Código de Defesa do Consumidor prevê multa
e até fechamento do estabelecimento", afirma Diegues.
Segundo o gerente-geral comercial da Honda, Alberto Pescumo Filho, a montadora não
apóia a cobrança de valor acima
do sugerido, porém não influencia a relação entre as concessionárias e os clientes.
"É uma relação de consumo,
e o comprador decide se vai pagar", diz Pescumo. Sobre o ágio,
ele orienta o cliente a procurar
bons negócios nas revendas.
Para analistas de mercado,
depois do lançamento de um
carro, é comum a montadora
fazer ajustes de produto, de
preço e de acessórios.
Corrado Capellano, especialista em indústria automotiva
da consultoria Roland Berger,
acredita que, em busca de status e satisfação, o cliente não se
importa em adiantar a compra.
"O sucesso pode ser maior
que o previsto. Mas não justifica deixar de lançar", diz.
Sérgio Reze, presidente da
Fenabrave (Federação Nacional da Distribuição de Veículos
Automotores), concorda com a
cobrança de valor acima do sugerido pela montadora, sempre
que possível e de forma legal.
"A formação de lista de espera
nada tem a ver com falhas no
planejamento das montadoras.
É lei de mercado", avalia.
Fila pelo Prisma
O Chevrolet Prisma, por
exemplo, há menos de um mês
nas revendas, tem lista de espera de até 40 dias. De acordo
com a General Motors, em outubro, antes mesmo do início
das vendas oficiais, 305 carros
já haviam sido emplacados.
Em agosto, a Honda lamentou, em nota no site, a lista de
espera, e pediu a compreensão
dos clientes. Nos planos da
montadora, a situação deverá
voltar ao normal até março,
quando a fábrica de Sumaré
(SP) aumentará a capacidade
produtiva de 315 unidades por
dia -entre Civic e Fit- para
360. Até junho de 2007, a marca espera chegar a 400 unidades, sendo 33% dos Civic "flex".
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