São Paulo, domingo, 20 de maio de 2007

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Hidrogênio viável

"Vice" da gasolina já está nos carros; abastecimento é maior obstáculo

DON SHERMAN
DO "NEW YORK TIMES"

Quando a maior aeronave já construída -o orgulho da Alemanha nazista- foi consumida por chamas, matou 36 pessoas e destruiu a reputação do hidrogênio durante décadas.
Em menos de um minuto, o desastre com o Hindenburg tornou o hidrogênio um vilão. Mas, 70 anos depois, um número crescente de defensores o promove como uma alternativa promissora ao petróleo.
Em dezenas de laboratórios e centros de pesquisa, cientistas e engenheiros estão ocupados descobrindo caminhos para reduzir gastos e melhorar a praticidade dos carros a hidrogênio.
O desenvolvimento chegou ao ponto em que alguns protótipos estão sendo usados diariamente, na forma de entregadores e de ônibus.
O aniversário do acidente com o Hindenburg não é o único motivo para o hidrogênio estar em voga. O presidente George W. Bush já anunciou um incentivo de US$ 1,2 bilhão (R$ 2,4 bilhões) para encorajar o uso de hidrogênio para limpar o ar e diminuir a dependência de petróleo importado.
O Departamento de Energia dos EUA "casou" montadoras com empresas energéticas: General Motors com Shell, Ford e DaimlerChrysler com BP. O objetivo é estimular a pesquisa e definir padrões para meios de segurança, por exemplo.
Com o hidrogênio ganhando simpatia, os hidrocarbonos parecem assumir o papel de vilão. Teóricos do petróleo, como Matthew Simmons, do banco de investimentos Simmons & Co., sustentam que a crescente demanda vai superar a capacidade de produção.

Abastecimento
Mas qualquer discussão sobre carros a hidrogênio leva a uma única questão: onde o motorista vai encher o tanque?
Enquanto as montadoras já demostraram que podem fazer carros que não emitam poluentes pelo escapamento, a viabilidade comercial do hidrogênio continua sendo um obstáculo.
Há outras questões, claro -o custo das células de combustível e os métodos de armazenar o hidrogênio-, mas aspectos como a dirigibilidade e a segurança já não impedem a introdução dos carros no mercado.
Por enquanto, os postos de hidrogênio são usados para pesquisa. Não são vistos com freqüência, e a produção de hidrogênio ainda precisa matar a sede de energia portátil.
A distribuição é outra questão. Há gasodutos na Califórnia, no Texas e na Europa, mas o total é inferior a 1.600 km. É possível usar os canos que já existem para o gás natural, mas corre-se o risco de os átomos de hidrogênio se infiltrarem na superfície de aço, resultando em rachaduras e vazamentos.
"Os pontos de reabastecimento necessários para o primeiro milhão de veículos custariam US$ 15 bilhões [R$ 29,3 bilhões]", calcula Larry Burns, vice-presidente da General Motors de pesquisa e desenvolvimento. "É dinheiro suficiente para construir 11,7 mil postos."


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