São Paulo, domingo, 20 de junho de 2010

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Metade dos carros tem correia ruim

Pesquisa revela que proprietários, mesmo em época de vistoria, são negligentes com o motor e gastam mais

Se a correia dentada arrebenta, pistões perdem sincronismo e podem empenar válvula de admissão e de escape

ROSANGELA DE MOURA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Cerca de metade dos 2.000 automóveis levados voluntariamente à inspeção veicular gratuita do programa Carro 100% apresentava problemas de conservação e de fixação das correias dentada e auxiliar do motor.
Esse é o balanço dos dois primeiros anos do programa, organizado pelo GMA (Grupo de Manutenção Automotiva), ligado ao IQA (Instituto de Qualidade Automotiva).
Transitar com o veículo com a correia dentada fora das especificações é um risco, pois o motor pode sofrer uma pane e perder rendimento repentinamente.
De acordo com o mecânico Eduardo de Oliveira Neves, da oficina Nipo-brasileira, a consequência pode ser grave. A quebra da correia interrompe o sincronismo dos eixos do motor, e o pistão pode se chocar com uma das válvulas e causar o empenamento. Dependendo do dano, é preciso até retificar.
"Em "populares", a retífica custa, em média, R$ 1.200, mas pode ultrapassar R$ 4.000", calcula Neves.
Substituir a correia sai mais barato. No caso de um Chevrolet Celta, por exemplo, a troca da peça custa aproximadamente R$ 320, incluindo um novo tensionador, como recomenda o mecânico.
Já no Fiat Marea, a substituição do conjunto pode exigir o desmonte do motor. O item, instalado, é oferecido por R$ 1.000 -sendo metade só de mão de obra.
Segundo Neves, raramente o motorista chega à oficina mecânica espontaneamente para vistoriar ou trocar as correias do seu veículo. "É sempre uma orientação do mecânico de confiança", diz.
O engenheiro de assistência técnica da Bosch Daniel Lovizaro recomenda a verificação técnica e visual das correias a cada 10 mil km e a sua substituição a cada 50 mil km -ou de acordo com o manual.
Segundo Lovizaro, a correia dentada apresenta sinais visuais de desgastes, como trincas, ressecamento, contaminação com óleo e dentes rachados.

CORRENTE
Outra orientação dos fabricantes é procurar especialistas para o reparo, já que a peça não pode ser dobrada ou torcida. Ela possui malhas de tração de fibra de vidro que podem se romper e reduzir a resistência da correia.
Para o GMA, o motorista que se preocupa com a conservação das correias já sofreu com as consequências do desgaste da peça.
De acordo com José Penteado, colaborador do comitê da SAE (Sociedade de Engenheiros da Mobilidade), os motoristas não se atentam para o programa de manutenção indicado no manual.
A maioria dos veículos possui a correia auxiliar e a dentada, que tem a função de sincronizar o movimento do virabrequim com a abertura e o fechamento das válvulas de admissão e de escape do motor (veja quadro ao lado).
As correias auxiliares costumam movimentar a bomba de água, a da direção hidráulica e o alternador.
As montadoras, porém, estão revendo os períodos de troca das correias.
A do Audi A3 Turbo, por exemplo, tem vida útil de 180 mil km. "Mas ninguém paga para ver", diz Neves.
Outros modelos vêm com corrente, em vez de correia, como os da linha Ford.
Apesar de não necessitarem de substituição, as correntes geram mais ruído.


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