|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Metade dos carros tem correia ruim
Pesquisa revela que proprietários, mesmo em época de vistoria, são negligentes com o motor e gastam mais
Se a correia dentada arrebenta, pistões perdem sincronismo e podem empenar válvula de admissão e de escape
ROSANGELA DE MOURA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Cerca de metade dos 2.000
automóveis levados voluntariamente à inspeção veicular
gratuita do programa Carro
100% apresentava problemas de conservação e de fixação das correias dentada e
auxiliar do motor.
Esse é o balanço dos dois
primeiros anos do programa,
organizado pelo GMA (Grupo
de Manutenção Automotiva), ligado ao IQA (Instituto
de Qualidade Automotiva).
Transitar com o veículo
com a correia dentada fora
das especificações é um risco, pois o motor pode sofrer
uma pane e perder rendimento repentinamente.
De acordo com o mecânico
Eduardo de Oliveira Neves,
da oficina Nipo-brasileira, a
consequência pode ser grave. A quebra da correia interrompe o sincronismo dos eixos do motor, e o pistão pode
se chocar com uma das válvulas e causar o empenamento. Dependendo do dano, é preciso até retificar.
"Em "populares", a retífica
custa, em média, R$ 1.200,
mas pode ultrapassar
R$ 4.000", calcula Neves.
Substituir a correia sai
mais barato. No caso de um
Chevrolet Celta, por exemplo, a troca da peça custa
aproximadamente R$ 320,
incluindo um novo tensionador, como recomenda o mecânico.
Já no Fiat Marea, a substituição do conjunto pode exigir o desmonte do motor. O
item, instalado, é oferecido
por R$ 1.000 -sendo metade
só de mão de obra.
Segundo Neves, raramente o motorista chega à oficina
mecânica espontaneamente
para vistoriar ou trocar as
correias do seu veículo. "É
sempre uma orientação do
mecânico de confiança", diz.
O engenheiro de assistência técnica da Bosch Daniel
Lovizaro recomenda a verificação técnica e visual das
correias a cada 10 mil km e a
sua substituição a cada
50 mil km -ou de acordo
com o manual.
Segundo Lovizaro, a correia dentada apresenta sinais
visuais de desgastes, como
trincas, ressecamento, contaminação com óleo e dentes
rachados.
CORRENTE
Outra orientação dos fabricantes é procurar especialistas para o reparo, já que a peça não pode ser dobrada ou
torcida. Ela possui malhas de
tração de fibra de vidro que
podem se romper e reduzir a
resistência da correia.
Para o GMA, o motorista
que se preocupa com a conservação das correias já sofreu com as consequências
do desgaste da peça.
De acordo com José Penteado, colaborador do comitê
da SAE (Sociedade de Engenheiros da Mobilidade), os
motoristas não se atentam
para o programa de manutenção indicado no manual.
A maioria dos veículos
possui a correia auxiliar e a
dentada, que tem a função de
sincronizar o movimento do
virabrequim com a abertura
e o fechamento das válvulas
de admissão e de escape do
motor (veja quadro ao lado).
As correias auxiliares costumam movimentar a bomba
de água, a da direção hidráulica e o alternador.
As montadoras, porém, estão revendo os períodos de
troca das correias.
A do Audi A3 Turbo, por
exemplo, tem vida útil de 180
mil km. "Mas ninguém paga
para ver", diz Neves.
Outros modelos vêm com
corrente, em vez de correia,
como os da linha Ford.
Apesar de não necessitarem de substituição, as correntes geram mais ruído.
Texto Anterior: Fiat Palio Fire ganha "bigodinho" para voltar a sorrir Próximo Texto: Cartas Índice
|