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ESPECIAL
Motos
Jabiracas Asiáticas
A aventura de andar nos triciclos adaptados para táxi de China, Índia e Tailândia
Triciclo chinês é a cópia da cópia de algo já esquisito
FABIANO SEVERO
ENVIADO ESPECIAL A WUHU (CHINA)
Palmas para Maggie Zhao,
35. Foi o nome americanizado
que a gerente-assistente de um
hotel no interior da China inventou para se comunicar.
Só ela acreditou num repórter "louco" que queria dirigir
um carro esquisito na cidade de
Wuhu (a 450 km de Xangai).
Pense num lugar longe. Wuhu fica depois. É a cidade-sede
da Chery, quinta maior fabricante de carros (de verdade)
daquele país e que vai apresentar aqui o jipinho Tiggo.
Mas essa "coisa" da foto acima não é bem um carro. É um
triciclo -você notou que ele só
tem três rodas? Reparou também que é a cara do Chery QQ?
Não é à toa. Um fabricante
genérico chamado GS compra o
ferramental velho da Chery e
fabrica seus próprios QQ. Só a
carroceria porque, por baixo,
vem uma mecânica de moto.
Ou seja, aquela jabiraca é a
cópia da cópia -o QQ já foi inspirado no GM Spark. E pior: o
GS traz um logotipo copiado da
"gravatinha" da Chevrolet.
Mais um motivo para querer
dirigir aquela miscelânea.
Zhao, a gerente, sai do hotel e
faz sinal para um triciclo. Era
azul e tinha um farol mau, tipo
esses Peugeot rabugentos com
cara de poucos amigos.
Passou direto, não quis conversa. Segundos depois veio essa interpretação livre do QQ,
que parou um pouco à frente.
Entramos pela porta traseira
e veio a primeira surpresa: o espaço para os passageiros é igual
ou melhor que o do Gol.
Tom Jobim
Zhao pede ao motorista que
siga para o lago de Wuhu, onde
a foto aí de cima foi feita.
E a segunda surpresa: o motorista pede para ser chamado
de John. John? É isso mesmo,
outro nome americano escolhido a dedo. Detalhe: o chinês não
tinha a menor cara de John.
O importante é que, numa
simpatia ímpar, John deixou o
repórter guiar o carro por dois
quarteirões. Nem um a mais.
Das jabiracas desta página,
era a que mais lembrava um
carro. Tinha volante, câmbio e
três pedais -embreagem, freio
e acelerador-, nessa ordem,
como convém a um automóvel.
O banco não tinha nenhuma
regulagem. Sentou, ficou. Se estiver apertado, vai assim mesmo, administrando o medo de
bater a cabeça no para-brisa.
É que o carrinho pula tanto
que parece até uma empilhadeira vazia do Makro.
Para tornar a cena mais inacreditável, começa a tocar: "É,
só eu sei, quanto amor eu guardei...". Tom Jobim, em pleno
interior da China. Era o toque
do celular de Zhao, que disse
não fazer a menor ideia da letra.
Nem de jabiraca. O passeio
acabou sem descobrirmos ao
menos um dado técnico confiável do carrinho. Não importa.
Por uma corrida de 15 yuans
(R$ 4,15), valeu a experiência.
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