São Paulo, domingo, 26 de julho de 2009

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ESPECIAL

Motos

Jabiracas Asiáticas

A aventura de andar nos triciclos adaptados para táxi de China, Índia e Tailândia

Triciclo chinês é a cópia da cópia de algo já esquisito

FABIANO SEVERO
ENVIADO ESPECIAL A WUHU (CHINA)

Palmas para Maggie Zhao, 35. Foi o nome americanizado que a gerente-assistente de um hotel no interior da China inventou para se comunicar.
Só ela acreditou num repórter "louco" que queria dirigir um carro esquisito na cidade de Wuhu (a 450 km de Xangai).
Pense num lugar longe. Wuhu fica depois. É a cidade-sede da Chery, quinta maior fabricante de carros (de verdade) daquele país e que vai apresentar aqui o jipinho Tiggo.
Mas essa "coisa" da foto acima não é bem um carro. É um triciclo -você notou que ele só tem três rodas? Reparou também que é a cara do Chery QQ?
Não é à toa. Um fabricante genérico chamado GS compra o ferramental velho da Chery e fabrica seus próprios QQ. Só a carroceria porque, por baixo, vem uma mecânica de moto.
Ou seja, aquela jabiraca é a cópia da cópia -o QQ já foi inspirado no GM Spark. E pior: o GS traz um logotipo copiado da "gravatinha" da Chevrolet.
Mais um motivo para querer dirigir aquela miscelânea.
Zhao, a gerente, sai do hotel e faz sinal para um triciclo. Era azul e tinha um farol mau, tipo esses Peugeot rabugentos com cara de poucos amigos.
Passou direto, não quis conversa. Segundos depois veio essa interpretação livre do QQ, que parou um pouco à frente.
Entramos pela porta traseira e veio a primeira surpresa: o espaço para os passageiros é igual ou melhor que o do Gol.

Tom Jobim
Zhao pede ao motorista que siga para o lago de Wuhu, onde a foto aí de cima foi feita.
E a segunda surpresa: o motorista pede para ser chamado de John. John? É isso mesmo, outro nome americano escolhido a dedo. Detalhe: o chinês não tinha a menor cara de John.
O importante é que, numa simpatia ímpar, John deixou o repórter guiar o carro por dois quarteirões. Nem um a mais.
Das jabiracas desta página, era a que mais lembrava um carro. Tinha volante, câmbio e três pedais -embreagem, freio e acelerador-, nessa ordem, como convém a um automóvel.
O banco não tinha nenhuma regulagem. Sentou, ficou. Se estiver apertado, vai assim mesmo, administrando o medo de bater a cabeça no para-brisa.
É que o carrinho pula tanto que parece até uma empilhadeira vazia do Makro.
Para tornar a cena mais inacreditável, começa a tocar: "É, só eu sei, quanto amor eu guardei...". Tom Jobim, em pleno interior da China. Era o toque do celular de Zhao, que disse não fazer a menor ideia da letra.
Nem de jabiraca. O passeio acabou sem descobrirmos ao menos um dado técnico confiável do carrinho. Não importa. Por uma corrida de 15 yuans (R$ 4,15), valeu a experiência.


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