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Moto atinge 300 km/h na rodovia e radar não pega
Donos de superesportivas até filmam as corridas ilegais e postam vídeos na internet como troféus
DA REPORTAGEM LOCAL
Sobre uma moto de 180 cv,
um motociclista segue na velocidade-limite pela rodovia dos
Bandeirantes, mas só até outra
esportiva ultrapassá-lo como
uma bala, pela faixa da direita.
No hora, ele reduz a marcha
para buscar mais rotação do
motor -outros dois motociclistas amigos dele fazem o
mesmo. Em poucos segundos,
todos atingem 240 km/h -o
dobro do permitido na via.
O trio costura o trânsito como se os carros ali fossem divertidos obstáculos à frente.
A cena é real, foi filmada pelo
próprio motociclista e está em
um site de vídeos como troféu.
Só que nem sempre essas
"aventuras" terminam bem.
Em abril, policiais que socorriam uma vítima de acidente na
rodovia Anhanguera foram
atropelados por três motos que,
segundo testemunhas, estariam em alta velocidade. Um
dos PMs não resistiu e morreu.
No dia seguinte, na rodovia
dos Bandeirantes, uma Suzuki
Hayabusa em alta velocidade
atingiu um CrossFox. O impacto foi tão violento que o carro
foi jogado para fora da pista. O
motociclista morreu na hora.
Segundo o tenente Cyro Caramaschi, da Polícia Militar
Rodoviária e responsável pela
fiscalização em um dos trechos
da rodovia dos Bandeirantes, os
motociclistas se reúnem em
postos de gasolina da estrada
para combinar o racha.
No trecho próximo à Santa
Barbara d'Oeste (138 km a noroeste de São Paulo), 60% dos
flagrantes por excesso de velocidade nos finais de semana são
de motos esportivas, que chegam a quase 300 km/h.
Fiscalização
Para o ex-piloto de motovelocidade Alexandre Barros, o
risco de acidente nessa velocidade é muito grande, não apenas para o motociclista infrator
mas também para outros motoristas, que podem se assustar
com a manobra e bater.
"Uns [motociclistas] realmente aceleram demais, mas o
limite em certas vias deveria
ser mais alto", opina o dono de
uma Suzuki GSX-R 750, que
prefere não se identificar. Ele
confessou que só "estica conscientemente, com pista livre".
De acordo com o tenente Caramaschi, muitos motociclistas
se aproveitam de certas artimanhas para driblar a fiscalização.
As mais comuns são transitar
sobre as linhas lateral ou central (fora da zona delimitada
pelo radar) ou acima de 210
km/h, velocidade na qual o radar fixo não é capaz de aferir.
Nesse caso, só os radares móveis de tripé ou pistola, usados
pela polícia, pegam o flagrante.
Pelo Código de Trânsito Brasileiro, se o condutor for pego a
uma velocidade acima de 50%
do limite da via, terá a carteira
suspensa por um ano.
Se outro veículo estiver na
"aventura", a polícia poderá interpretar como corrida em via
pública, o que é crime de trânsito passível de punição na Justiça comum.
(FELIPE NÓBREGA)
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