São Paulo, domingo, 26 de julho de 2009

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Moto atinge 300 km/h na rodovia e radar não pega

Donos de superesportivas até filmam as corridas ilegais e postam vídeos na internet como troféus

DA REPORTAGEM LOCAL

Sobre uma moto de 180 cv, um motociclista segue na velocidade-limite pela rodovia dos Bandeirantes, mas só até outra esportiva ultrapassá-lo como uma bala, pela faixa da direita.
No hora, ele reduz a marcha para buscar mais rotação do motor -outros dois motociclistas amigos dele fazem o mesmo. Em poucos segundos, todos atingem 240 km/h -o dobro do permitido na via.
O trio costura o trânsito como se os carros ali fossem divertidos obstáculos à frente.
A cena é real, foi filmada pelo próprio motociclista e está em um site de vídeos como troféu.
Só que nem sempre essas "aventuras" terminam bem. Em abril, policiais que socorriam uma vítima de acidente na rodovia Anhanguera foram atropelados por três motos que, segundo testemunhas, estariam em alta velocidade. Um dos PMs não resistiu e morreu.
No dia seguinte, na rodovia dos Bandeirantes, uma Suzuki Hayabusa em alta velocidade atingiu um CrossFox. O impacto foi tão violento que o carro foi jogado para fora da pista. O motociclista morreu na hora.
Segundo o tenente Cyro Caramaschi, da Polícia Militar Rodoviária e responsável pela fiscalização em um dos trechos da rodovia dos Bandeirantes, os motociclistas se reúnem em postos de gasolina da estrada para combinar o racha.
No trecho próximo à Santa Barbara d'Oeste (138 km a noroeste de São Paulo), 60% dos flagrantes por excesso de velocidade nos finais de semana são de motos esportivas, que chegam a quase 300 km/h.

Fiscalização
Para o ex-piloto de motovelocidade Alexandre Barros, o risco de acidente nessa velocidade é muito grande, não apenas para o motociclista infrator mas também para outros motoristas, que podem se assustar com a manobra e bater.
"Uns [motociclistas] realmente aceleram demais, mas o limite em certas vias deveria ser mais alto", opina o dono de uma Suzuki GSX-R 750, que prefere não se identificar. Ele confessou que só "estica conscientemente, com pista livre".
De acordo com o tenente Caramaschi, muitos motociclistas se aproveitam de certas artimanhas para driblar a fiscalização.
As mais comuns são transitar sobre as linhas lateral ou central (fora da zona delimitada pelo radar) ou acima de 210 km/h, velocidade na qual o radar fixo não é capaz de aferir. Nesse caso, só os radares móveis de tripé ou pistola, usados pela polícia, pegam o flagrante.
Pelo Código de Trânsito Brasileiro, se o condutor for pego a uma velocidade acima de 50% do limite da via, terá a carteira suspensa por um ano.
Se outro veículo estiver na "aventura", a polícia poderá interpretar como corrida em via pública, o que é crime de trânsito passível de punição na Justiça comum. (FELIPE NÓBREGA)


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