São Paulo, domingo, 26 de dezembro de 2010

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Nano é o popular que pouca gente quer

Com problemas de produção e dúvidas sobre sua segurança, vendas do compacto indiano estão em queda

Primeiro carro deUS$ 2.900 para países emergentes, Nano é superado por rivais melhores e mais caros


DO "NEW YORK TIMES", EM MUMBAI, ÍNDIA

Lançado no início de 2009, o Tata Nano foi definido como exemplo de carro popular moderno. A preço baixo, daria mobilidade às massas da Índia e, futuramente, do planeta. As ambições, porém, não foram atingidas.
Ainda que as vendas de carros tenham disparado na Índia, com uma economia que cresce quase 9% ao ano, as vendas do Nano estão em queda há quatro meses.
A Tata Motors vendeu apenas 509 Nano à sua rede de concessionárias em novembro. Bem menos que os 9.000 entregues em julho.
No ano passado, quando a cobertura do lançamento estimulava a demanda, a Tata tinha pedidos de 200 mil Nano, a US$ 2.900 cada um.
Mas, à medida que a Tata enfrentava atrasos na produção, modelos rivais ultrapassaram o Nano.
O Maruti Suzuki Alto, por exemplo, parte de US$ 6.200 e foi o carro indiano mais vendido no país em novembro, com 30 mil unidades.
A Maruti Suzuki, divisão da japonesa Suzuki, já detém metade das vendas na Índia.
A Tata ainda fica atrás da sul-coreana Hyundai, cujo modelo mais vendido é o compacto i10 (US$ 7.800). A Tata mudou a fábrica de Estado por problemas políticos, o que atrasou em 18 meses a entrega das 100 mil primeiras unidades do Nano. Mais recentemente, foram os casos de incêndios em alguns exemplares do carro.
O mais conhecido é o que pegou fogo quando a família compradora dirigia da loja para casa, em Mumbai. Ninguém saiu ferido, só a imagem do Nano. A Tata Motors nega que exista algo de errado no projeto ou nos componentes do carro e diz que os incêndios foram causados por "equipamento elétrico externo" encontrado sobre o sistema de exaustão. A montadora se ofereceu para equipar os modelos já vendidos com recursos adicionais de segurança.

LONGO PRAZO
Para analistas e compradores, as ações da montadora deixam a desejar. O que eram os "objetos externos"?
Quais são as funções dos novos recursos de segurança, e por que eles não estavam no carro desde o começo?
"A empresa conduziu o assunto de modo equivocado", disse Darius Lam, analista da consultoria J.D. Power. Para ele, não está claro o que causou os incêndios e se os problemas foram corrigidos.
A Tata declarou ainda que as vendas do Nano voltaram a subir com a ampliação dos pontos de venda direta.
"Aprendemos que, ainda que o Nano tenha preço acessível para milhares de compradores que não têm carros, entrar na categoria dos veículos de quatro rodas continua a ser uma decisão significativa", afirmou Debasis Ray, porta-voz da marca.
A despeito das dificuldades do Nano, os analistas afirmam que a Tata Motors -que também controla a Jaguar e a Land Rover- dispõe dos recursos para reverter a situação, mas precisa responder com mais clareza às questões sobre a segurança do modelo e melhorar sua estratégia de marketing.
"As vendas não refletem o potencial de longo prazo do modelo", afirma Hormazd Sorabjee, da revista "Autocar Índia". "Mas as aspirações das pessoas estão se desenvolvendo. Elas desejam algo de mais substancial."

Tradução de PAULO MIGLIACCI


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