São Paulo, domingo, 27 de julho de 2008

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Moto polui até seis vezes mais que carro

Norma que vai limitar emissão de poluentes será mais branda para modelos de baixa cilindrada

FELIPE NÓBREGA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

No Dia Mundial Sem Carro (22 de setembro), há quem deixe o automóvel na garagem e saia de moto para contribuir com um ar mais limpo.
Grande parte das motos nacionais, porém, polui até seis vezes mais do que um carro novo, alerta Homero Carvalho, gerente de engenharia e fiscalização da Cetesb (Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental).
Para frear o ímpeto poluidor, a partir de 1º de janeiro de 2009 toda moto zero-quilômetro vendida no país terá de respeitar novos limites de emissões, baseados na norma ambiental européia Euro 3.
Carros e motos poderão liberar até 2 g/km de monóxido de carbono. O limite para emissão de hidrocarbonetos, que são cancerígenos, é mais brando para motos de até 150 cm3 -79% do mercado.
Serão 0,8 g/km, quase três vezes mais que o permitido para automóveis e motocicletas de maior cilindrada.

Aumento de custos
Isso porque soluções para emitir menos poluentes, como a injeção eletrônica, elevam o preço de uma moto "popular" em até 30%, lembra Edson Esteves, professor de mecânica automobilística da FEI (Fundação Educacional Inaciana).
Instalar catalisadores mais eficientes também é oneroso, segundo Sérgio Ribaric, professor de mecânica de motocicletas na Radial Cursos. E tende a limitar a potência.
"O catalisador prejudica o desempenho do motor, pois funciona como uma tampa que filtra e reduz a saída direta dos gases do escapamento", explica Vicenzo Testini, diretor da unidade de escapamentos da Magneti Marelli.
Para suprir essa perda, seria necessário investir em coletores de escape de aço inox, que mantêm a temperatura dos gases mais quentes e otimizam a filtragem do catalisador.
Alfredo Guedes, engenheiro da Honda, não descarta catalisadores poderosos em motos pequenas. "O impacto da injeção eletrônica [no preço] é grande nesse segmento."
O consultor Carlos Louzada, da TBM Consulting, avalia que é remota a possibilidade de os fabricantes não repassarem ao consumidor os custos extras de produção. "A margem de lucro nesse ramo já está próxima do limite."
Muitos fabricantes, a cinco meses do limite, não anunciaram suas alternativas. Mas modelos como a Honda Shadow 750 (R$ 29.890) e a Yamaha Fazer 250 (R$ 10.353), ambos com injeção eletrônica e catalisador, anteciparam-se às novas normas do Promot e respiram aliviados.


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