São Paulo, sábado, 01 de março de 2008 |
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MARIA INÊS DOLCI [defesa do consumidor] BOICOTE AO FUMO PASSIVO
UMA GARFADA , uma baforada. Um gole de vinho, uma fumaça indevida. Você paga caro, na maioria das vezes para se divertir com a família, com os amigos, e não tem o direito de saborear a comida, de perceber com todos os sentidos a qualidade de um bom vinho. E, pior do que tudo isso, você fica exposto ao vício dos vizinhos, que provoca danos comprovados à saúde. Então, o não-fumante, a maioria dos brasileiros, torna-se, muitas vezes, fumante compulsório, pela leniência dos proprietários de bares, restaurantes e casas noturnas. E do poder público, que fecha os olhos e faz que não vê esse abuso. Há leis diversas para tratar do assunto. Acima delas, deveria haver educação, bom senso, respeito aos direitos dos outros. Até a França, onde o cigarro tem papel cativo no cinema e acompanha boêmios, baniu o fumo de hospitais, escritórios, estações de trem e aeroportos. A partir deste ano, a proibição valerá também para restaurantes, tabacarias, cassinos e boates. Por que as autoridades daquele país tomaram essa medida, que, certamente, retira votos e cria atritos com fumantes e comerciantes? Para evitar 71 mil mortes por ano provocadas pelo cigarro, sendo que 5.000 dessas vítimas são fumantes passivos -segundo a ministra da Saúde da França, Roselyne Bachelot. No Brasil, foram os meios de transporte que conseguiram vitórias significativas nesse terreno. Aviões e ônibus não permitem o fumo há vários anos e ponto final. Agora, o ministro da Saúde, José Gomes Temporão, informa que um projeto de lei banirá os fumódromos. Também pretende sobretaxar os derivados de tabaco. O governo do Estado de São Paulo lançou, no ano passado, o selo "Ambiente Livre do Tabaco", para distinguir estabelecimentos comerciais, prédios públicos e empresas que não toleraram o fumo. Mas, se as estatísticas sobre os danos que o tabagismo provoca à saúde, se as campanhas educativas, se os alertas com fotos e frases nas próprias carteiras de cigarro não surtem todo o efeito desejado, cabe a nós, consumidores, usar nossa força comercial para forçar a proibição do fumo em ambientes fechados. Não freqüentemos bares, restaurantes, lojas e shoppings que permitam, aberta ou veladamente, o fumo em suas dependências. Deixemos que somente os fumantes compareçam e gastem dinheiro nesses locais. Ninguém tem o direito de obrigar o próximo a fumar por tabela. Muito menos tem o direito de "defumar" bebês e crianças devido ao seu egoísmo e irresponsabilidade. Se quiserem correr o risco de contrair múltiplas doenças, que os fumantes exerçam seu livre-arbítrio. Que os não-fumantes, contudo, não sejam alvo do cigarro alheio. Atenção, senhores comerciantes: se não impera o bom senso, que predomine, então, o potencial de consumo dos não-fumantes. http://mariainesdolci.folha.blog.uol.com.br Texto Anterior: SAUDADE FUTEBOL CLUBE Próximo Texto: COLUNISTA EM CAMPO: Sandálias no açougue Índice |
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