São Paulo, sábado, 02 de fevereiro de 2008

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

FALSO OU VERDADEIRO

O QUE VOCÊ PRECISA SABER SOBRE PERFUME GENÉRICO

Cópias de fragrâncias das grifes consagradas, os contratipos custam muito menos, vendem como água e às vezes evaporam também como água

DANAE STEPHAN
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Não dá mais para ignorar os contratipos. Estão em toda parte, da internet ao salão beleza, do quiosque no shopping às comunidades no orkut.
Conhecidos também como "similares", em São Paulo, e "genéricos", no Rio de Janeiro, esses parentes dos perfumes são fabricados por diferentes empresas, mas seguem todos um mesmo padrão que foi estabelecido por marcas pioneiras nesse gênero de produto como a Contém 1G e a Fator 5.
O padrão, no caso, é o seguinte: os contratipos se alastram por venda direta, têm embalagens simples, sem diferenciação de formato e, em vez de nomes, são identificados aleatoriamente por números.

Inspiração
Cada número equivale a uma "inspiração", ou seja, uma fragrância original bem conhecida, importada. O grande atrativo é o preço: enquanto um Angel autêntico não sai por menos de R$ 300, um contratipo com aroma muito parecido ao do veterano hit de Thierry Mugler varia de R$ 32 a R$ 45.
Claro, são produtos diferentes. Aliás, contratipo nem é perfume. Os perfumes verdadeiros usam uma concentração de matérias-primas de 15% a 20%. Nas cópias, a concentração varia de 5% a 12%. E é esse o seu calcanhar-de-aquiles: a fixação.
Ao vender suas "inspirações" para consumidores que já conhecem aqueles aromas, as empresas de contratipos nem sempre esclarecem que essa diferença básica na porcentagem de matéria-prima representa uma fixação 80% menor dos genéricos em relação aos produtos originais.
Foi o que desanimou a secretária Juliana Rondon, 23. "Experimentei um contratipo da marca Cazo. O cheiro era igual ao original, mas não ficava nem duas horas na pele", afirma.
Já a professora Eliete Capisi, 33, usa e abusa dos genéricos. Ela não considera a fixação tão fraca assim. "Sou viciada em perfume, passo o tempo todo, então não dá para bancar só importado, que uso só em ocasiões especiais. Mas no dia-a-dia os contratipos são uma boa. A única desvantagem das cópias é que são feitas só as fragrâncias mais conhecidas, então não consigo encontrar algumas opções mais baratas de cheiros que adoro, como o do Alchimie ou do Roma".

O lado dos fabricantes
Os fabricantes rebatem. "Nossas fragrâncias duram até 12 horas. Até deixei de fazer o contratipo do CK One, porque não permanecia na pele", diz João Roberto Martinelli, que depois de uma experiência de 35 anos no mercado de cosméticos resolveu criar marca própria, a Fly Paris, empresa que existe há dois anos e que conta com cerca de 350 revendedoras cadastradas, segundo ele.
"Usamos essências numa concentração de 15%, para que durem no mínimo oito horas na pele", afirma Juliana Carvalho, diretora financeira da Fator 5, empresa criada por uma ex-funcionária da Natura.
Foi a Fator 5 a marca que espalhou a febre de contratipos pelo país. Hoje, tem um exército de 110 mil revendedoras. Entre seus sucessos está o "número 12", cópia do clássico masculino Azzaro, que vende mais de dez mil unidades por mês, segundo a empresa.
"Usamos essências numa concentração muito maior que a da concorrência", diz Cristina Zimon, gerente da Cazo, que está no mercado há dois anos e meio. Mas ela não informa a porcentagem das formulações.

Isso é legal?
Essas cópias não são consideradas ilegais. De acordo com a advogada Tatiana Campello Lopes, especializada em propriedade intelectual, tudo bem produzir fragrâncias similares às clássicas. "O cheiro não é protegido. Se um fabricante chegar a um resultado parecido ao de outro, não tem problema, desde que ele não tente se passar pelo original", diz Tatiana. Como as embalagens dos contratipos e os nomes desses produtos são diferentes dos perfumes autênticos, a advogada explica que está tudo certo.
A pegadinha é que na hora da venda, a "inspiração" é revelada ao consumidor, embora não exista nada escrito sobre isso -o que bastaria para caracterizar uso indevido de marca. "Ao fazer alusão ao nome do original, o vendedor do contratipo está usando aquela marca citada sem a devida autorização. Isso é crime", diz a advogada.


onde encontrar


CAZO
SAC 0800-772-7677
www.cazo.com.br

DIVINDADE
tel. (11) 5182-8985, São Paulo
www.divindade.com.br

FATOR 5
SAC 0800-773-5553
www.fator5.com.br

FLY PARIS
tel. (11) 6692-0603, São Paulo
www.flyparis.com.br

PARALLÈLE PERFUMES
tel. (11) 3362-2122, São Paulo
www.parallele.com.br



Texto Anterior: MARIA INÊS DOLCI: Passagens aéreas rumo ao céu
Próximo Texto: No teste cego, imitações confundem especialistas
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.