São Paulo, sábado, 06 de setembro de 2008

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A arte de comprar arte

Consumo inspirado

Gravuras, fotos e obras de jovens artistas são alguns caminhos acessíveis para quem quer iniciar uma coleção

DA REDAÇÃO

Dicas de quem entende do mercado de arte ajudam a entrar nesse mundo, a saber por onde começar. Mas uma coisa tem que ficar clara: por mais que o valor da obra pese na escolha, é preciso gostar do que se está comprando, querer muito ter a peça. A pessoa precisa olhar, se sentir estimulada e, acima de tudo, se ver convivendo com aquele trabalho.
Isso feito, o passo seguinte é ajustar o que se pode com o que se quer. "Tem pintura barata, tem foto cara e barata. Gravura é um meio mais barato, mas você vai comprar se não gosta?", questiona Eduardo Brandão, da Vermelho.
Para quem gosta, começar por gravuras e outros tipos de reproduções é uma boa alternativa. É possível comprar gravuras de artistas que estão começando por cerca de R$ 100, e de nomes já consagrados, como o de Leda Catunda, por US$ 800 (cerca de R$ 1.300).
"É um bom caminho porque você gasta pouco e percebe se funcionou ou não. Experimenta quais artistas gosta mais e descobre se vai valorizar, sem gastar muito. Grande parte do público jovem com o qual lido começa a fazer coleção a partir de gravuras. Depois de dois anos eles vêem que subiu o preço do que compraram e passam a acreditar no olhar deles", diz Ribeiro, da Choque Cultural.
"Começar por um clube de gravura ou de fotografia é uma boa maneira, pois há uma curadoria, um museu que está por trás fazendo a escolha por você. Esse trabalho pode não valorizar, porque é uma edição grande, mas também não vai desvalorizar", indica Alexandre Gabriel, da Fortes Vilaça.
Se a idéia é, logo de cara, adquirir um trabalho único, sem reprodução, uma alternativa é ir atrás de jovens artistas. Por se tratar de nomes que são promessas, os preços não são muito altos. "Acho legal investir em artista novo porque todo mundo cresce junto: ele e o colecionador novo. Comprar uma obra é dar chance a esse artista", diz Flaviana Bernardo, sócia da galeria Emma Thomas, em São Paulo, aberta há dois anos e com foco em novos.
Existem jovens representados por grandes galerias. Um óleo de Marina Rheigantz, 25, pode custar US$ 2.000 (cerca de R$ 3.200), na Fortes Vilaça e um de Tatiana Blass, 29, US$ 1.650 (R$ 2.706).
Um celeiro de produção de gente nova é o grafite. Depois que nomes ligados a essa técnica entraram para grandes galerias, caso da dupla osgemeos, tem muita gente de olho nesse tipo de arte. "O grafite é feito para as pessoas usufruírem na rua. Aconselho as pessoas a comprarem uma obra de um grafiteiro porque ela o ajuda a continuar pintando na cidade, para todos. Se você compra, autentica o trabalho que ele está fazendo na rua", diz Ribeiro.
Não menos importante na arte de comprar arte é pedir descontos, parcelar, pechinchar. Algumas galerias vão dizer que não parcelam em mais de três vezes ou que só recebem à vista, mas vale insistir. O argumento usado para o não parcelamento do preço de uma obra é o de que se trata de consignação, ou seja, a obra é do artista, a galeria só faz o meio de campo. Mas, para o artista, pode ser bom negócio ter uma obra vendida, mesmo a prazo.
"Se alguém aqui quiser uma peça, pergunto para o artista como podemos fazer. Foi assim que comecei. A boa venda é quando a pessoa vem, estuda o que quer, compra porque gostou e só vai vender se estiver precisando muito. Então tem que facilitar. É legal para a galeria e para o artista", diz Brandão. "Às vezes, as galerias fazem planos legais até para obras de artistas que não são jovens", reitera o artista plástico Paulo Pasta. (LÍGIA MESQUITA)




Na hora de revender

Você está lá conquistando sua primeira obra de arte, bolando um jeito de pagar e a última coisa que passa pela sua cabeça é passar adiante aquele trabalho. Mas a revenda é um ponto importante a ser esclarecido na hora da compra.
É legal perguntar qual a projeção de valorização do artista, se é uma peça fácil de vender e como fazer isso. Você vai descobrir que, se algum dia precisar vender a obra, tem que oferecê-la primeiro à galeria onde comprou, segundo um acordo que rege a conduta entre compradores e vendedores.
"A galeria é obrigada a te dar uma avaliação, mas não a comprar. Uma outra opção para quem quer se desfazer de uma obra é trocála por outras", diz Alexandre Gabriel, da Fortes Vilaça.




Brito Cimino
Inauguração: 1997
A galeria realiza com freqüência mostras e exposições em seu espaço. No elenco de artistas, Geraldo de Barros, Waldemar Cordeiro, Marina Abramovic e Rochelle Costi. r. Gomes Carvalho, 842, Vila Olímpia, tel. (11) 3842-0634, São Paulo. Ter. a sex.: 11h às 19h. Sáb.: 11h às 17h.
www.britocimino.com.br

Casa Triângulo
Inauguração: 1988
O tradicional espaço, que antes ocupava um casarão no centro da cidade, representa um time grande de artistas como Lúcia Koch, Mauro Restiffe, Rubens Mano, Sandra Cinto e Vania Mignone. r. Paes de Araújo, 77, Itaim Bibi, tel. (11) 3167-5621, São Paulo. Ter. a sáb.: 11h às 19h.
www.casatriangulo.com

Choque Cultural
Inauguração: 2004
Referência em cultura pop (grafi te, quadrinhos, tatuagem, stickers), a galeria é ponto de encontro de quem procura pelo trabalho de grafi teiros. Nomes como Silvana Mello, Speto, Titi Freak e Carlos Dias estão entre os destaques. Seg. a sáb.: 12h às 19h. r. João Moura, 997, Pinheiros, tel. (11) 3061-4051, São Paulo
www.choquecultural.com.br

Emma Thomas
Inauguração: 2006 Com pouco tempo de vida, a galeria funciona em um pequeno espaço e trabalha com jovens artistas como Peter de Brito, Henk Nieman, Lucas Simões, Juliana Freire e Érica Ferrari. r. Augusta, 2.052, Cerqueira César, tel. (11) 8219-6452, São Paulo. Qua. a sáb.: 18h às 20h.
www.emmathomas.com.br

Fortes Vilaça
Inauguração: 2001
Destaque no circuito paulistano, representa artistas que estão em destaque no momento, como Adriana Varejão, Beatriz Milhazes e osgemeos, e nomes já consagrados, como Leda Catunda e Nuno Ramos. r. Fradique Coutinho, 1.500, Vila Madalena, tel. (11) 3032-7066, São Paulo. Ter. a sex.: 10h às 19h. Sáb.: 10h às 17h.
www.fortesvilaca.com.br


Leme
Inauguração: 2004 O foco do espaço são artistas brasileiros e estrangeiros que atuam em diversas mídias como fotografi a, escultura, vídeo, pintura... Entre os artistas, Elaine Tedesco, Neil Hamon, Nina Pandolfo e Sandra Gamarra. r. Agostinho Cantu, 88, Butantã, tel. (11) 3814-8184, São Paulo. Seg. a sex.: 10h às 19h. Sáb. : 10h às 17h.
www.galerialeme.com

Millan
Inauguração: 1986 A galeria trabalha com poucos e renomados artistas, começando por Anna Maria Maiolino, Tunga, e passando por Fabio Miguez, Paulo Pasta e a novata Tatiana Blass. Trabalha com as obras de Amílcar de Castro e Mira Schendel.
r. Fradique Coutinho, 1.360, Vila Madalena, tel. (11) 3031-6007, São Paulo. Seg. a sex.: 10h às 19h. Sáb.: 11h às 17h.
www.galeriamillan.com.br


Nara Röesler
Inauguração: 1986 A galeria de origem pernambucana busca trabalhar com artistas fora do eixo Rio-São Paulo. Representa nomes como Tomie Ohtake, Artur Lescher, Cao Guimarães e Laura Vinci, e trabalha com a obra de Hélio Oiticica. Av. Europa, 655, Jardim Europa, tel. (11) 3063-2344, São Paulo. Seg. a sex.: 10h às 19h. Sáb.: 11h às 15h.
www.nararoesler.com.br


Vermelho
Inauguração: 2002 Referência na cidade, a galeria é focada em novas mídias. Rosângela Rennó, Dias & Riedweg, Mônica Nador, Leya Mira Bander, Lia Chaia, Nicolas Róbio e Chelpa Ferro são alguns dos nomes representados. r. Minas Gerais, 350, Higienópolis, tel. (11) 3257-2033, São Paulo. Seg. a sex.: 10h às 19h. Sáb.: 11h às 17h.
www.galeriavermelho.com.br

Virgílio
Inauguração: 2002 O amplo espaço em Pinheiros se dedica a novos nomes e a artistas surgidos nos anos 80. Na programação, além de exposições, há seminários e palestras de temas como fi losofi a e literatura. Representa Ana Holck, José Rufi no, Nazareno e Nino Cais, entre outros. r. Dr. Virgílio de Carvalho Pinto, 426, Pinheiros, tel. (11) 3061-2999, São Paulo Seg. a sex.: 10h às 19h. Sáb.: 10h às 17h. www.galeriavirgilio.com.br


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