São Paulo, sábado, 06 de setembro de 2008

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MARIA INÊS DOLCI [defesa do consumidor]

Construtora ou destruidora


Luminárias, frigobar e três microondas queimaram; a construtora disse não ser responsável pelo problema

O CRÉDITO IMOBILIÁRIO voltou.
Boa notícia, não? Principalmente se você for um daqueles brasileiros que ainda não tem seu imóvel e paga aluguel. Ou mora na casa dos pais.
Mas o fato de haver dinheiro para comprar o imóvel não resolve tudo.
Longe disso. Comprar casa ou apartamento é um compromisso com o futuro. Não com os próximos dois ou três anos. Tratamos, aqui, de contratos de 15 anos ou mais.
Recentemente, um amigo recebeu e-mail de uma jornalista que comprou um imóvel pelo qual havia se apaixonado. O calvário dela começou quando, na primeira semana após a mudança, iniciou-se uma seqüência de problemas ocasionados por defeitos no sistema elétrico.
As luminárias queimaram, depois um frigobar e três microondas. A construtora, uma das mais importantes de São Paulo, disse não ser responsável pelo problema. Mas técnicos da Eletropaulo constataram riscos aos moradores: de choque e até de explosão.
A proprietária do imóvel também reclama de desnível no piso da sacada e de rachaduras nas paredes.
Cito o caso dela porque se tornou público, por meio de entrevista a uma emissora de televisão. E porque ela enviou e-mail para colegas jornalistas, relatando o caso.
É lamentável que isso ocorra. E, mais condenável ainda, que a construtora tenha se negado a admitir o uso de materiais inferiores ou erros na construção do imóvel. E que não tenha se pronunciado na entrevista, embora procurada para se justificar.
Esse caso serve de alerta. Mesmo que a planta seja excelente e que a construtora tenha uma boa reputação, procure se informar melhor. A internet é um excelente meio para descobrir ciladas como essa.
Quando se interessar por um apartamento ou casa, verifique se o nome da construtora consta na lista de empresas reclamadas no Procon. Dê uma busca na internet e veja se não há registro de problemas com outros compradores. Visite prédios já feitos por essa construtora. Converse com seus moradores.
Se comprar o imóvel na planta ou ainda em construção, visite a obra. Converse com os pedreiros, eles devem comentar alguma coisa, caso os materiais utilizados não sejam de boa qualidade.
É importante, também, que se cobre a responsabilidade de quem concedeu o Habite-se. Ora, se havia problemas no sistema de elétrico, a ponto de queimar luminárias e aparelhos, como o imóvel foi liberado para habitação?
Não fique de boca fechada enquanto vê o dinheiro investido na compra ir pelo ralo. Siga o exemplo da jornalista e conte para todos os conhecidos, colegas, amigos e familiares como a referida empresa trata seus clientes.
Dessa vez, não citarei o nome da construtora. Espero que seus diretores e executivos tenham o bom senso de fazer um acordo com sua cliente, resolvendo os problemas que causaram e indenizando-a pelas perdas.
Que a jornalista fique à vontade para nos informar se o juízo voltou à cabeça dos responsáveis pela construtora. Voltaremos ao assunto.

http://mariainesdolci.folha.blog.uol.com.br


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