São Paulo, sábado, 06 de outubro de 2007

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Tesouro sem quilates

O luxo agora é outro. Longe das joalherias, designers empurram metais e pedras para o segundo plano e inventam adornos preciosos com papel, pena, garrafa PET e até cabelo

LÍGIA MESQUITA
EDITORA-ASSISTENTE DO VITRINE

Quilates e pedras preciosas ainda contam, sim, mas não definem uma jóia. O design pesa cada vez mais.
A joalheria mundial passa por uma mudança importante operada no conceito de luxo. Antes, a equação que dava o preço era visível, o valor era dado pelo capital material. Hoje é o capital cultural que conta.
Como disse a estilista Coco Chanel, "o luxo não é o oposto da pobreza. É o contrário da vulgaridade'", cita Regina Machado, 53, consultora de estilo do IBGM (Instituto de Gemas e Metais Preciosos).
O Brasil, importante exportador de gemas, hoje também se destaca na produção de jóias, com trabalhos autorais de uma leva de designers que aliam outros materiais aos tradicionais.
Um dos pioneiros na conquista do mercado externo foi o carioca Antonio Bernardo, 60, 35 de profissão. Nos últimos três anos ele conquistou seis prêmios no iF Design Award, importante premiação internacional de design. Bernardo diz que a jóia brasileira está sendo reconhecida.
E qual seria a identidade brasileira na jóia? "É a pluralidade. O Brasil não é preconceituoso com design, gosta das coisas atuais, originais", diz Bernardo.
A designer e consultora Regina Machado enxerga alegria e juventude nessa identidade. "A nossa joalheria é jovem no sentido de tratamento dos materiais preciosos, tem estilo diferenciado. Há pouco mais de dez anos éramos copiadores. Saímos para o lugar de criadores de jóias contemporâneas", diz.
Para Bernardo, houve nos últimos 15 anos um desenvolvimento das artes aplicadas. "Tem muitos estúdios que produzem jóias, vidros, cerâmicas. Há um ressurgimento do artesão/designer", diz.
Por exemplo a paulistana Nami Wakabayashi, 37, arquiteta de formação. Ela não usa brincos, nem colares ou anel, mas é reconhecida pelos adornos que cria. Fã do artista plástico indiano Anish Kapoor, faz um trabalho com prata oxidada e lava vulcânica.
Outra adepta de novos materiais é a paulistana Claudia Cucchi, 38, que mistura ouro e prata a latão, cobre e resina. Cucchi estudou ourivesaria na Itália, onde morou por dez anos. Ela diz que o consumidor brasileiro ainda não considera como jóia uma criação que não leva material precioso. "Aqui as pessoas não sabem o que é jóia conceitual, tudo é muito ligado à moda. Não fazemos peças para combinar com roupa".


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