Loja especializada divulga culto à bebida e vende produtos de origens belga, inglesa e escocesa

TETÉ MARTINHO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Ainda que o nome possa sugerir o contrário, a Casa da Cerveja não é indicada para o consumidor padrão da dita-cuja, aquele que vê nessa bebida um caminho barato e refrescante até o torpor alcoólico.
Recém-aberta nas cercanias da praça Benedito Calixto, a loja é o espaço público de uma importadora que, desde 2005, se especializa em "cervejas gourmet para paladares finos".
São produtos de grifes europeias conhecidas, fabricados com requintes de tradição e matéria-prima, cotados a partir de R$ 20 a garrafa long-neck. De quase 30 marcas, essas cervejas não se contentam em ser apenas ótimas ou excelentes.
São mais ou menos "lupuladas", "encorpadas" e "carbonatadas"; têm "notas" de temperos, ervas e frutas, além de animais e minerais. Mais fortes e alcóolicas do que a média, devem ser desgustadas, servidas como aperitivo ou combinadas com pratos afins -tudo, menos entornadas em quantidades industriais num happy hour.
Quem explica é Letícia, uma das donas, disposta a responder até a mais sem noção das perguntas. Aprendo que "ale" é uma cerveja mais fermentada.
E que a tradição cervejeira dos monges trapistas belgas deu origem a um certificado de procedência. E que aquela Malheur Dark Brut é, sim, um cruzamento de cerveja e champanhe, ou, melhor, uma cerveja carbonatada com as mesmas técnicas do espumante. Dizem que vai bem com chocolate.
Se a casa transpõe o negócio da distribuidora sem grandes voos de imaginação ou extras divertidos -do ponto de vista do consumidor, é quase um showroom de garrafas-, o tom entendido e sem frescura do atendimento salva o dia.
É provável que se saia de lá com uma descoberta legal e/ou presente esperto. Fora que, no território minado das degustações e harmonizações, a simpatia é, por si só, uma bênção.