Floricultura "diferente" tem alguns bons achados, mas nada tanto assim

TETÉ MARTINHO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Na primeira olhada, o Atelier Helena Lunardelli parece a realização de um projeto óbvio, mas bem-vindo: uma loja que tem a flor como mote. A vista alcança logo os arranjos feitos na hora, produto principal, mas também almofadas, chapéus, livros, luminárias. Só que uma voltinha é o suficiente para fazer murchar o sonho temático. No fundo, trata-se de uma floricultura que, no afã de se diferenciar, agrega a flores e cia. uma seleção um tanto rala de itens vagamente relacionados. Não que a oferta não traga refresco, aqui e ali, à cena repetitiva do entorno da praça Benedito Calixto, com seus oratórios e caixas de fósforos decoradas. No "atelier" há alguns achados, todos meio caros. Como as mochilas infantis de plástico em forma de sapo ou joaninha (R$ 86); os broches de lata (de R$ 100 a R$ 230) e a luminária kitsch que é um bonsai falso de cerejeira, com flores iluminadas por fibra óptica (R$ 285). Também há "tiptops" da marca Santa Paciência com estampa de Jimi Hendrix; livros de mesa variados; e chapéus, alguns até floridos. Ou seja, nada que não se pudesse encontrar, em maior quantidade, nas casas do ramo certo. Se a idéia fosse mesmo achar flores em toda parte, bastaria procurá-las em louças, bijuterias, sei lá. Com alguma imaginação, a lista se torna infindável. Restam os arranjos. Mas, também aí, nem tudo são flores. Com boas exceções, como uma orquídea vendida numa garrafa de saquê, ainda com o rótulo (R$ 20). Já os suportes "inusitados", aposta da loja, apenas provam que nem sempre original e bom são o mesmo negócio. Como o frasco vazio de Veja Multi-Uso para um buquê de minirrosas (R$ 20). O que poderia combinar menos com flor do que a lembrança próxima de limpeza pesada? Também há o pote de Häagen-Dazs cheio de flores do campo, que sai por R$ 60. Tudo bem que as donas da loja enfrentaram para nós as agruras do Ceagesp (que, Deus sabe, não é para amadores). Mas com essa grana eu faria uma festa na barraca de flores da feira mais próxima, e ainda ficaria com todo o sorvete de chocolate belga.