|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
BAGAGEM [compras mundo afora]
Nova York é a Meca do kitsch natalino
Capital é imbatível em oferta de penduricalhos bizarros para a árvore; enfeits injetam US$ 16 bi por ano na economia americana
OSMAR FREITAS JR
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Digam o que quiserem os detratores do kitsch, enfeites natalinos seguem sendo pendurados há séculos, em todo o mundo. Só que, em nenhum cantão
do planeta, o fervor decorativo
atinge os paroxismos de Nova
York. Não há aqui o menor arbusto ressecado desmerecedor
de uma bola brilhante ou de um
Noel aboletado.
As compras de enfeites de
ocasião injetam US$ 16 bilhões
anuais na economia americana.
Os nova-iorquinos desembolsam 40% desse total. São, portanto, especialistas na questão.
Vai-se do exagero digno do
diretor hollywoodiano Cecil B.
Demille ao blasê estudado de
instalações artísticas.
A feirinha de Natal montada
na Grand Central Station dedica espaço para essas duas preferências, e toda a gama de gostos (ou falta de) entre elas. Uma
das barracas reúne as tendências. Famosa, Mia Katzman, da
empresa Mia Da Polônia, pinta,
à mão, figuras em bolas de vidro
sopradas na Cracóvia.
Já a tribo que experimenta o
Natal de modo epistêmico não
ficará restrita a pendurar nos
galhos dos seus pinheiros alguns exemplos de expressinismo abstrato. Pode arrebatar a
bola que reproduz, em preto e
branco, parte da obra "Céu e
Água" (US$ 36), do holandês
M.C.Escher (1898-1972). Ou a
tela "Noite Estrelada" (US$
37), do também holandês Vincent van Gogh (1853-1890). E,
convenha-se, nada evoca mais
o espírito do Natal do que um
busto de Van Gogh (US$ 37),
uma versão 3D de seu autorretrato, aquele em que ainda ostenta duas orelhas.
Há fartura de penduricalhos
com "cópias" de obras de arte.
De Caravaggio a Monet, passando pelas bailarinas de Degas. Dá para transformar a árvore numa sucursal do Louvre.
O freguês que não acha toda
essa iconografia muito católica
não precisa temer. A miniatura
da Pietà (US$ 45), de Michelangelo, dará conta do recado,
acompanhada de todos os anjos, santos e crucifixos que o dinheiro puder comprar. Os preços vão de US$ 25 a US$ 55.
Peso substancial, aqui, é dado
a ornamentos com temática da
cidade. Há uma profusão de enfeites natalinos com complexo
de suvenir: estátuas da Liberdade, táxis, skylines, e, óbvio,
maçãs (o símbolo da Big Apple).
Aquele turista que não dispensa um toque brega tem suprimento variado. Quem, entre
esses, resistiria a um Papai
Noel brilhante, retirando do saco uma estátua da Liberdade
dourada (US$ 34)?
A feira funciona até dia 24,
das 9h às 22h. Quem não chegar a tempo pode adquirir esses
itens a qualquer época do ano,
na loja Gracious Home. Depois
do Natal, tudo tem até 30% de
desconto. O risco é ter esgotado
o busto de Van Gogh.
Texto Anterior: Maria Inês Dolci [defesa do consumidor]: Fuja de produtos clandestinos Próximo Texto: Ideias recicladas: Conheça as opções para evitar o "pinheiricídio" Índice
|