São Paulo, sábado, 12 de dezembro de 2009

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

BAGAGEM [compras mundo afora]

Nova York é a Meca do kitsch natalino

Capital é imbatível em oferta de penduricalhos bizarros para a árvore; enfeits injetam US$ 16 bi por ano na economia americana

OSMAR FREITAS JR
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Digam o que quiserem os detratores do kitsch, enfeites natalinos seguem sendo pendurados há séculos, em todo o mundo. Só que, em nenhum cantão do planeta, o fervor decorativo atinge os paroxismos de Nova York. Não há aqui o menor arbusto ressecado desmerecedor de uma bola brilhante ou de um Noel aboletado.
As compras de enfeites de ocasião injetam US$ 16 bilhões anuais na economia americana. Os nova-iorquinos desembolsam 40% desse total. São, portanto, especialistas na questão.
Vai-se do exagero digno do diretor hollywoodiano Cecil B. Demille ao blasê estudado de instalações artísticas.
A feirinha de Natal montada na Grand Central Station dedica espaço para essas duas preferências, e toda a gama de gostos (ou falta de) entre elas. Uma das barracas reúne as tendências. Famosa, Mia Katzman, da empresa Mia Da Polônia, pinta, à mão, figuras em bolas de vidro sopradas na Cracóvia.
Já a tribo que experimenta o Natal de modo epistêmico não ficará restrita a pendurar nos galhos dos seus pinheiros alguns exemplos de expressinismo abstrato. Pode arrebatar a bola que reproduz, em preto e branco, parte da obra "Céu e Água" (US$ 36), do holandês M.C.Escher (1898-1972). Ou a tela "Noite Estrelada" (US$ 37), do também holandês Vincent van Gogh (1853-1890). E, convenha-se, nada evoca mais o espírito do Natal do que um busto de Van Gogh (US$ 37), uma versão 3D de seu autorretrato, aquele em que ainda ostenta duas orelhas.
Há fartura de penduricalhos com "cópias" de obras de arte. De Caravaggio a Monet, passando pelas bailarinas de Degas. Dá para transformar a árvore numa sucursal do Louvre.
O freguês que não acha toda essa iconografia muito católica não precisa temer. A miniatura da Pietà (US$ 45), de Michelangelo, dará conta do recado, acompanhada de todos os anjos, santos e crucifixos que o dinheiro puder comprar. Os preços vão de US$ 25 a US$ 55.
Peso substancial, aqui, é dado a ornamentos com temática da cidade. Há uma profusão de enfeites natalinos com complexo de suvenir: estátuas da Liberdade, táxis, skylines, e, óbvio, maçãs (o símbolo da Big Apple).
Aquele turista que não dispensa um toque brega tem suprimento variado. Quem, entre esses, resistiria a um Papai Noel brilhante, retirando do saco uma estátua da Liberdade dourada (US$ 34)?
A feira funciona até dia 24, das 9h às 22h. Quem não chegar a tempo pode adquirir esses itens a qualquer época do ano, na loja Gracious Home. Depois do Natal, tudo tem até 30% de desconto. O risco é ter esgotado o busto de Van Gogh.


Texto Anterior: Maria Inês Dolci [defesa do consumidor]: Fuja de produtos clandestinos
Próximo Texto: Ideias recicladas: Conheça as opções para evitar o "pinheiricídio"
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.