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BAGAGEM [compras mundo afora]
UM DIA NA VILA DE BERLIM
Casas na Hackescher Höfe concentram um comércio amigável para quem quer levar a cidade na mala
DA ENVIADA ESPECIAL A BERLIM
Pela larga avenida Unter den
Linden, que começa com o hotel Adlon (de onde Michael
Jackson pendurou seu filho,
ainda bebê, para exibir aos fãs),
há pedaços do antigo muro ao
lado de lojas de suvenires
kitsch: canecas, bonequinhas
em trajes típicos e pratos pintados. É melhor mudar de ares.
A leste do centro, mas ainda
não na antiga Berlim Oriental,
as vilinhas interligadas chamadas de Hackescher Höfe já fizeram parte de um bairro judeu.
O conjunto é do início do século
passado. Restaurado há mais de
dez anos, o espaço concentra
lojinhas de estilistas, como Lina D., livrarias, cafés, butiques
e, claro, a onipresente loja temática Ampelmann Shop, que
homenageia o homenzinho dos
faróis de pedestres da cidade.
Mais turística, impossível, mas
vale a pena. O homenzinho, nas
poses "ande" e "pare", vira esponja, guarda-chuva, ímã, cadeira de praia e camiseta.
Em uma casa vizinha, a Serendipity tem azulejos decorativos com pinturas de cadeiras,
para usar como aparador de copo ou só de enfeite mesmo, espelhos de bolsa que parecem
bottons e roupinhas de bebê
que custam um rim (cerca de
60 euros por um body). Os chocalhos de tecido são mais razoáveis, a 19,90 euros cada um.
O divertimento para adultos
fica por conta da Artificium, livraria que é um prato cheio para quem ainda não conseguiu
achar normais os traumas aparentes de Berlim. O jogo de memória Fake for Real (19,90 euros) propõe a brincadeira de associar o real à sua representação: hambúrguer do comercial
versus o de verdade, seios de silicone e originais, e assim por
diante. Ali está à venda o livro
"Art Brands", que mostra produtos com nomes de artistas,
como o vinho Duchamp e a pasta de dentes Rembrandt. A edição bilíngue custa 19,80 euros.
Para guardar a lembrança da
Berlim do início do século 20, a
livraria tem os livros de charges
de Heinrich Zille, como o "Kinder der Strasse" (as crianças da
rua, em tradução livre), por
7,95 euros, que mostra cortiços,
bares e o cotidiano do passado.
Em volta das vilinhas, há ruas
estreitas a serem exploradas.
Na Sophienstrasse, a pequena
vitrine cheia de bonecos de madeira é irresistível. Dentro, há
milhares deles, feitos à mão em
Erzgebirge, cidade no sul da
Alemanha. Um pastor com sua
ovelha sai por 41,80 euros.
Em direção a Hackescher
Market, a praça do mercado do
bairro, mais uma loja de brinquedos, com uma proprietária
nada amigável. Lá tem um curioso jogo de polícia e ladrão,
com instruções bilíngues, ainda bem, e baralhos ilustrados
com flores, bichos ou cogumelos, cada carta diferente da outra. De volta à rua, de volta à
realidade. Ainda em Grosse
Hamburger Strasse está o primeiro cemitério judaico da cidade, destruído pelos nazistas
em 1943. Hoje, virou um monumento, com uma estátua na
qual sobreviventes e parentes
colocam pedrinhas (quem viu
"A Lista de Schindler" se lembra do gesto). Berlim não permite esquecer seus próprios
pecados.
(DÉBORA MISMETTI)
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