São Paulo, sábado, 17 de maio de 2008

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O mercado local do "eu mereço"

DA REPORTAGEM LOCAL

Mulheres auto-indulgentes que compram roupas são o principal público do luxo no Brasil, segundo a pesquisa "O Mercado de Luxo no Brasil", publicada nesta semana pela consultoria MCF em parceria com o instituto GfK Indicator. Foram ouvidas 342 pessoas.
Os números mostram que 61% dos consumidores fazem compras para eles mesmos, e apenas 12% compram para maridos ou mulheres. A moda é a prioridade para 70% dos consumidores, e 41% apontam a qualidade como motivo de compra. Para 42%, o gasto médio por compra é de até R$ 1.000. Têm nível superior 91% dos consumidores de luxo, e 41% são pós-graduados. A maioria, 40%, tem entre 26 e 35 anos, 58% são mulheres, 48% são casados e 66% sem filhos.
Entre as grifes internacionais presentes no Brasil, a mais lembrada é a Louis Vuitton, com 27% de citações. As que despertam mais desejo são Gucci e Chanel, com 9% de votos cada uma. Entre as nacionais, H.Stern (31%) e Daslu (26%) são mais lembradas.
Para Carlos Ferreirinha, presidente da consultoria MCF, o crescimento da indústria do luxo no Brasil vai criar um consumidor mais exigente. "Não significa gastar mais, e sim perceber nos produtos um comprometimento com a qualidade".
Mesmo em expansão, o mercado brasileiro e seu faturamento de US$ 5 bilhões em 2007 ainda não chega perto de países emergentes, como Rússia e China. "O Brasil não é a bola da vez nem o mercado prioritário", diz Ferreirinha. Na China, segundo ele, o mercado de luxo cresceu 90% em um ano.

"Democratização"
As diferenças entre os hábitos de consumo de luxo nos diferentes países, como as expostas no estudo da consultoria de tendências inglesa The Future Laboratory, não são novidade, lembra Ferreirinha. "O consumo mais sóbrio sempre existiu na Europa. A Rússia vive um momento dos brilhos. O Leste Europeu está em expansão absoluta, por isso ainda vive na ostentação", diz o presidente da MCF. "O Brasil, por exemplo, não é tão afoito como a Rússia. Tudo o que começa aqui como ostentação acaba se tornando mais sofisticado depois", opina. O mais importante, para ele, é que o crescimento do mercado tirou do luxo a conotação aristocrática, elitista e inacessível. "Se você compra um chocolate artesanal, de qualidade, isso é um luxo, mesmo que o valor absoluto seja muito menor que o de um carro", diz. Ainda assim, não é possível tirar as aspas da democratização do luxo no Brasil. Com base nos dados fornecidos pelas empresas do setor para a MCF, o mercado brasileiro de luxo atinge entre 480 mil e 700 mil consumidores, menos de 0,4% da população brasileira. (Débora Mismetti)


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