São Paulo, sábado, 17 de maio de 2008

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DÚVIDAS ÉTICAS
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É errado usar roupas feitas de pele de coelho?

CYRUS AFSHAR
DA REPORTAGEM LOCAL

Usar esse tipo de pele não é antiecológico nem ilegal, já que os coelhos são animais de criação doméstica. "No Brasil, o coelho é um animal exótico, só existe em cativeiro", diz Ana Silvia Moura, 48, professora do departamento de produção animal da Faculdade de Zootecnia da Unesp. Além disso, o coelho se reproduz com muita rapidez. Numa granja, a fêmea tem seis partos por ano e nascem sete ou oito filhotes em cada um. "É como você comprar um sapato feito com couro bovino. Você já vai abater esse animal de qualquer maneira para aproveitar a carne. Não tem nada a ver com ecologia", diz Ana Silvia.
Já o analista ambiental do Ibama Anderson Del Vale, 28, coloca o problema sob outro ponto de vista. "Legalmente não é errado, mas a questão é mais moral do que legal. O coelho é um animal pequeno, e você teria que abater muitos deles para fazer uma peça", afirma. Uma gola curta de casaco precisa de mais ou menos três peles; já para um casaco inteiro e longo, o número necessário pode chegar a 40.
O biólogo defende o uso de coelhos apenas se for imprescindível, seja em pesquisas, seja na confecção de roupas. "Existem materiais sintéticos muito bons e macios que podem substituir perfeitamente a pele de coelho", diz Del Vale.
Ele diz, porém, que, se já existe uma demanda por carne, a questão ética se resolve. "Mas é difícil saber se o coelho foi abatido por causa da carne e o subproduto foi sua pele ou o inverso", afirma.
Mas, para o produtor, o mais interessante em termos financeiros não é nem a carne, nem a pele, e sim a pesquisa. De acordo com Ludwig Paraschin, 70, dono da Fazenda Angolana, em São Roque, o preço do quilo da carne de coelho varia, mas gira em torno de R$ 16. A pele custa, em média, R$ 10 e é considerada, de fato, um subproduto. Se o destino for a pesquisa científica, o preço do animal chega a R$ 70.


*pedido do leitor
Pergunta enviada por Regina Cruz, de São Paulo, SP



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