Loja no trecho repaginado da rua Avanhandava tem de tudo para quem não precisa de nada

TETÉ MARTINHO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Toda arrumadinha, a rua Avanhandava destoa do charme "trash" do Baixo Augusta, complexo de diversões noturnas do qual não deixa de fazer parte. Há uns anos, foi repaginada pela prefeitura e pelos donos de suas cantinas. As calçadas largas e a pavimentação avermelhada ajudaram a dar à experiência de uma refeição no Gigetto ou no Famiglia Mancini o status de atração turística, com preço reajustadíssimo.
O caráter cenográfico da "revitalização" desagrada muita gente, em especial os moradores da quadra seguinte, que continuou na mesma. Mas vamos admitir que andar pelo pedaço ficou uma delícia. A rua é um oásis de limpeza e, entre as árvores, descobrem-se lindas fachadas anos 40.
Ainda tem surpresa extra: uma improvável loja de presentes "para quem tem tudo". Divertida desde a vitrine, a Calligraphia ocupa o saguão de um prédio do meio do século 20 e oferece um mix parecido com o das congêneres dos Jardins: livros, objetos, acessórios. Mas tudo com o clima artístico e meio desencanado do centro.
Assim, na mesma estante, convivem uma seleção esperta de livros de arte e design e exemplares de um telefone Ericsson verde-abacate, dos anos 70, em bom estado e funcionando. E, ao lado de kits importados para montar maquetes da Torre de Pisa e da Torre Eiffel (R$ 55 cada um), há clássicos meio esquecidos do supérfluo brasileiro, como os jogos da marca mineira Origem.
Embora façam vista, de perto, as coleções de objetos, bijuterias, cerâmicas e produtos de projetos sociais deixam um pouco a desejar. Mas quem olhar com calma pode achar uma exceção mais fofa, como uma bolsinha de cetim cinza claro, em forma de rosa (R$ 84).
A atração extra da loja são os horários: abre às 13h e nunca fecha antes das 22h; nas sextas e sábados, vai até meia-noite. Se a noite não decolar, ou enquanto espera, corra para lá.