São Paulo, sábado, 28 de junho de 2008

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COBAIA [experiências e testes de consumidores]

SEM FORÇA NA PERUCA

Análise de xampus restauradores feita pela ProTeste mostra que alguns pioram o estado dos fios

DA REPORTAGEM LOCAL

Limpar os cabelos é o de menos. Os xampus hoje têm que restaurar os fios, dar brilho e facilitar o penteado. Isso é o que prometem algumas linhas de xampus das principais marcas do mercado. A ProTeste (Associação Brasileira de Defesa do Consumidor) selecionou nove produtos que são vendidos como restauradores e fez um teste de laboratório para avaliar o desempenho das marcas. O resultado: nenhum xampu restaurou o cabelo. E pior: cinco produtos deixaram os fios ainda mais danificados que antes.
As marcas Colorama, Elsève, Garnier, Ox e Pantene foram as que tiveram o pior desempenho na restauração do cabelo, principal quesito do teste. Já Dove, Niely, Palmolive e Seda não mudaram o estado dos fios. "Foi decepcionante. Como eles se propunham a restaurar os fios, a gente esperava que deixassem o cabelo pelo menos melhor do que antes", diz Marina Jakubowski, 28, coordenadora de projetos da ProTeste. "Se eles alegam restaurar o cabelo, deveriam provar isso", diz a química.
Segundo as regras da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), o fabricante de xampu (exceto anticaspa) não precisa ter eficácia comprovada em análise de laboratório.

Outro lado
A Procter & Gamble, que fabrica o Pantene, considerou os critérios adotados "superficiais", e os resultados, "contraditórios". "A questão que nos causou estranheza foi o brilho, que aparece quando a superfície do fio está lisa e reflete luz. Não dá para ter brilho sem ter restaurado os fios", diz André Quadra, gerente da marca. O xampu foi o que teve melhor brilho, mas ficou entre os piores na restauração. "Surpreende a análise de reparo feita por observação microscópica. As metodologias mais modernas analisam a saúde capilar medindo a força necessária para romper o fio de cabelo antes, durante e depois da aplicação do produto testado", diz.
A Bertin, empresa que faz o Ox, questiona o teste e afirma ter feito uma avaliação em um laboratório reconhecido pela Anvisa. O resultado teria comprovado a eficácia do xampu. Já a Niely afirma seguir todos as exigências da Anvisa e diz que o desempenho não foi o esperado porque o xampu foi feito para ser usado todos os dias. Em algumas situações do teste, o uso foi alternado. A Unilever, dona das marcas Seda e Dove, não quis comentar o teste. A L'Oréal, que detém a Garnier, a Elsève e a Colorama, questionou a veracidade dos resultados apresentados.
(CYRUS AFSHAR)


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